“The Four Seasons” foi um grupo musical de New Jersey surgido na era pós-Sinatra, no qual destinava ter o mesmo sucesso que o lendário cantor. Jersey Boys conseguiu ser um sucesso aclamado na Broadway, arrecadando muito e conquistando 4 Tony’s -prêmio máximo do teatro. Narra a luta do quarteto por um lugar ao sol, retratando todas as dificuldades e peculiaridades sofridas. Uma versão para o cinema soa inevitável, então estreia aqui nesta quinta o filme baseado na peça, sob o comando das abes mãos de Clint Eastwood.
Nas ruas de New Jersey, Tommy DeVito (Vincent Plaza) junto ao seu irmão Nick (Johnny Cannizaro) anseiam por fama e mudança de vida, tendo um pequeno grupo musical. Quando Frankie (John Lloyd Young), um barbeiro apadrinhado pelo mafioso Gyp DeCarlo (Christopher Walker) que apresenta uma voz notável e talento para o canto, resolve aderir ao grupo, dá um vigor a mais para Tommy que acredita ser o início de uma fecunda parceria. Em dado momento, se junta também o compositor Bob Gaudo (Erich Bergen) que compõe canções com bastante potencial, atraindo assim a atenção de produtores e rádios, iniciando assim a ascensão dos Four Seasons. Entretanto, a inebriante fama abre espaço para novos conflitos entre os amigos, além de intensificar os já existentes.
A deficiência principal do longa-metragem é seu ritmo, demorando a engrenar num caminho sólido. O diretor demonstra inicialmente um leve desconforto, se tratando de um gênero além da sua zona de conforto, o que justifica inúmeras nuances de outros estilos. Em determinado momento se apresenta como filme de máfia -ala Martin Scorsese- outra como biográfico. Após os 40 minutos iniciais, finalmente encontrando-se um caminho linear para desenrolá-lo, mostrando ter a proposta de abordar a odisseia de indivíduos distintos e aparentemente comuns em busca de sucesso e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida.
Tratando-se de um musical, o emprego das boas canções é feito de forma primorosa e natural, afastando o ridículo fato de alguém começar a cantar afinadíssimo de repente. Destaque particular para a cena de “Can’t Take My Eyes Of You”, esplendorosa e emocionante, sendo um dos momentos mais marcantes do longa. Entretanto, quando não está tocando nenhuma das músicas, o filme carece de sentimento e quase impõe um distanciamento com o espectador. A direção do veterano Clint Eastwood é eficiente em transpor a essência das letras cantadas e seus significados, porém falha em proporcionar uma emoção genuína, frustrando pela apática em momentos com potencial muito além do trabalhado.
O roteiro escrito por Marshall Brickman, grande amigo de Woody Allen e co-roteirista de obras como “Manhattan” e “Annie Hall”, consegue ser primoroso com diálogos inspirados, personagens e suas interações construídas de forma sólida, proporcionando a todos os envolvidos momentos interessantes, um trabalho bastante bem executado. Além da argumentação, merece destaque a minuciosa direção de arte que reconstrói com bastante fidelidade a ambientação das décadas de 40-5o, junto uma fotografia que a valoriza, com tons mais escuros.
O elenco apresenta estreantes no cinema, repetindo seus papeis que desempenharam na peça original. Merece um prestígio John Lloyd Young, com uma performance notavelmente expressiva e humana, evidenciando que o ator pode vir a ser bastante promissor. Christopher Walken tem pequena participação, porém momentos precisos, fugindo da caricatura e deixando perceptível como o ator está se divertindo com o papel. Vincent Piazza (mais conhecido por Boardwalk Empire) enfim consegue um papel de destaque, valorizando seu talento como ator, gerando ainda mais expectativas em torno dele.
“Jersey Boys- Em Busca da Música” consegue ser um eficiente musical e um retrato comum do anseio individual por reconhecimento e sucesso profissional, algo que pode gerar identificação com o público. O longa poderia ser de um tamanho muito maior que foi, entretanto não significa que não seja uma gratificante experiência, sobretudo para os amantes da boa música.
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