Crítica | Êxodo: Deuses e Reis

 

 

 

Direção: Ridley Scott

Roteiro: Adam Cooper, Bill Collage, Jeffrey Caine e Steven Zaillian

Elenco: Christian Bale, Joel Edgerton, John Turturro, Aaron Paul, Sigourney Weaver e Ben Kingsley

Produção: Jenno Topping, Peter Chernin, Mohamed El Raie, Mark Huffam, Michael Schaefer e Ridley Scott

Estreia Mundial: 12 de Dezembro de 2014

Estreia no Brasil: 25 de Dezembro de 2014

Gênero: Drama – Aventura – Ação

Duração: 150 minutos

Classificação Indicativa: 12 Anos

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Ridley Scott sempre impressionou pela sua facilidade em envolver o espectador, seja para criar tensão como em “Alien: O Oitavo Passageiro” ou até no subestimado “Prometheus”, seja para conceber um mundo denso e intrigante que nem “Blade Runner: O Caçador de Androides”. Em Êxodo: Deuses e Reis (parece que ele sempre é agraciado com subtítulos), não era preciso reinventar a roda ou ter de lançar mão de sua já comprovada genialidade. Scott só precisava nos recontar a história de Moisés que todo mundo já conhece, era uma tarefa aparentemente “simples”. Sua vontade de transformar tudo em um grande épico sobrecarregado de efeitos especiais, entretanto, faz com que o mais importante como história e personagens sejam deixados de lado, em detrimento de grandes cenários e das grandes batalhas.

Em mais de duas horas de projeção, a equipe de roteiristas não consegue criar um peso dramático e um aprofundamento ao personagem de Moisés. Em nenhum momento vemos alguma luta interna do personagem em aceitar que ele é hebreu. De uma hora para outra ele simplesmente – como se isso não fosse uma reviravolta em sua vida – começa a lutar pelo seu povo, o que demonstra, logo de cara, uma grande fragilidade na construção do argumento. Ressalto, porém, que não li a Bíblia, mas vi os “10 Mandamentos” e o “Príncipe do Egito” (os quais retratam a mesma narrativa), e neles eu vi um Moisés dividido entre o amor ao seu “irmão”, Ramsés, e o seu “novo/velho” povo que precisa ser libertado da escravidão.

DF-01354 - Moses (Christian Bale, right) confronts Ramses (Joel Edgerton).

E esse déficit de desenvolvimento não se limita somente ao protagonista, mas também ao resto do elenco, com exceção de Deus que é personificado em uma criança imatura e extremamente teimosa. Aqui temos as melhores cenas da produção, é o momento em que vemos uma maior introspecção de Moisés que começa a sofrer junto com o povo egípcio que está sendo dizimado pelas pragas, ao passo que vamos sendo apresentados a um Deus imperfeito e, principalmente, sedento por vingança.

Por outro lado, a produção tem o nível de grandeza que esperamos sempre de Ridley Scott (só não esperávamos que ele não fosse ligar para o roteiro). Os cenários são belíssimos e muito bem projetados, trazendo um ar de realismo e magia ao mesmo tempo. Contudo, todo esse esforço fica vazio, uma vez que não adianta dispor de um aparato tecnológico superior às produções anteriores que já abordaram o assunto, por exemplo, se o básico como o storytelling falha miseravelmente.

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É com muito pesar que constato que Êxodo: Deuses e Reis é mais uma tentativa falha de Ridley Scott. Nada no longa funciona: as cenas dramáticas não tem peso (principalmente pela falta do aprofundamento ao qual me referi); as batalhas são anti-climáticas; as 10 pragas, a pesar de muito bem feitas, não conseguem impressionar; a direção, parece estar em modo automático e se mostra pouco inventiva e, por fim, o roteiro e a montagem, em duas horas e meia de projeção, não logram êxito em nos trazer personagens carismáticos suficientes para que nos importemos por seu futuro. É um epic fail no sentido literal da expressão. Saudades do bom e velho Ridley Scott.

TRAILER LEGENDADO

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