Título Original: Storks
Direção: Nicholas Stoller e Doug Sweetland
Roteiro: Nicholas Stoller
Elenco: Andy Samberg, Kelsey Grammer, Katie Crown, Jennifer Aniston
Produção: Brad Lewis e Nicholas Stoller
Estreia no Brasil: 22 de Setembro de 2016
Gênero: Animação
Duração: 98 minutos
Classificação Indicativa: Livre
Em meio a tantas estreias aparentemente mais relevantes para o mundo da animação, Cegonhas estava praticamente passando em branco: mal se ouvia falar, o investimento em divulgação não foi muito grande, parecia que a Warner praticamente já aceitava o fracasso. Entretanto, como nunca liguei muito para essas coisas, fui assistir ao filme de coração aberto – como sempre – e tive um grata surpresa. Ainda que, tanto em roteiro quanto em qualidade de animação, a fita esteja atras da Pixar e da DreamWorks, Cegonhas funciona pela sensibilidade que atinge e nesse quesito falo, sem medo, é um dos mais competentes do ano.
O enredo é simples: sabe as cegonhas, aquelas que traziam os bebês? Então, elas não fazem mais isso, principalmente porque exigia muita responsabilidade e, claro, era quase impossível não se apaixonar pelos minúsculos seres humanos. Agora, essas simpáticas aves fazem entregas para uma grande loja de varejo. Paralelamente acompanhamos a história do pequeno Nando, uma criança que sente muito a ausência dos pais e quer um irmãozinho. Então, ele manda uma carta pedindo um irmão para as cegonhas que acidentalmente colocam em produção o bebê e, assim, começa a saga para entregar esse recém nascido para sua família.
Com efeito, o roteiro é deveras previsível. Logo de início já sabemos o que vai acontecer, como vai se desenvolver e como vai acabar. Contudo, isso não se mostra um problema, principalmente porque as decisões são bem feitas. É aquela receita clássica de bolo que, quando preparada com cuidado, fica sempre maravilhosa. Cegonhas é assim. O objetivo nunca foi ser Pixar, e sim, divertir, deixando uma mensagem interessante e muito atual.
Enquanto há diversos setores da sociedade que enchem o peito para dizer que família é x, aqui, por diversas vezes, vemos o conceito tradicional posto em choque, sempre em nome do amor e do carinho. E não, não me refiro apenas a questão sexual (a qual é abordada no longa discretamente, mas com muito efeito), mas, sim, a sentimentos “mais simples” como a irmandade. Por que, por exemplo, a cegonha não pode ter uma relação afetiva de amizade com um humano? Isso ecoa durante toda a projeção e a metáfora é obvia.
Além disso, no núcleo do Nando, a expectativa seria que houvesse, em algum momento, a vilanização dos pais que não lhe dão atenção, ainda bem que isso não acontece. Logo, ambos se dão conta de que não estão aproveitando o filho e resolvem participar mais da vida da criança que, claro, aproveita ainda mais essa decisão. Percebam como são essas pequenas coisas tornam as discussões mais profundas. É muito mais fácil apelar para maniqueísmos e lugares comuns, mas não, o roteiro Nicholas Stoller (que também co-dirige a fita) apresenta suas críticas e comparações com a realidade de forma incisiva necessária para não perder a sutileza que o gênero exige.
Por fim, Cegonhas é, sem dúvida, uma grata surpresa neste ano cheio de algumas decepções na animação e no cinema infantil. É divertido, inteligente e questionador na medida certa. É um daqueles filmes que vai te fazer sair da sala feliz, mesmo que nos últimos dez minutos seja bem difícil não conter as lágrimas. E calma, calma, não é nada triste. É apenas….
bem…é melhor vocês verem.
TRAILER DUBLADO