Crítica | A Incrível Jornada de Jacqueline

Direção: Mohamed Hamidi

Roteiro: Fatsah Bouyahmed, Alain-Michel Blanc e Mohamed Hamidi

Elenco: Fatsah Bouyahmed, Lambert Wilson, Jamel Debbouze, Hajar Masdouki

Produção: Laurent ZeitounY, Yann Zenou, Jamel Debbouze, Nicolas Duval Adassovsky

Estreia no Brasil: 28 de Julho de 2016

Duração: 91 minutos

Gênero: Drama/Comédia

Classificação Indicativa:

lavache

Por mais bomba que um filme pareça ser, sempre é necessário darmos o benefício da dúvida. Quando recebi o convite para a sessão de imprensa de A Incrível Jornada de Jacqueline, dei meu voto de confiança e…como eu queria que mais surpresas como esta me ocorressem.

Fatah e sua família moram em um vilarejo bastante humilde na Argélia. A despeito de ter uma vida regrada e sem muitos luxos, ele tem um grande sonho: participar da Feira de Agricultura na França. Suas apostas para isso se tornar realidade estão em Jacqueline, uma simpática vaca. Uma carta chega e Fatah vai ter a oportunidade de ir a Feira, porém, há pouco dinheiro e a única alternativa é ir a pé. Então o protagonista vai caminhando por quase todo o percurso de mais de 2 mil km para realizar seu sonho, mas esta tarefa não será tão fácil assim e ele terá de enfrentar diversos obstáculos para alcançar seu objetivo.

A relação homem e animal de fato é bastante batida, ainda mais para quem teve contato com a Sessão da Tarde dos anos 2000 que, basicamente, se resumiu a filmes cujos protagonistas geralmente eram cachorros, gatos, porcos, enfim. No entanto, a despeito do título fazer menção à Jacqueline e, no original, se chamar apenas “A Vaca”, o verdadeiro protagonista é Fatah, brilhantemente vivido por Fatsah Bouyahmed (que também assina o roteiro), um típico personagem de road movie que vai, nessa jornada, além de concretizar um sonho, se auto-descobrir.

071704.jpg-r_1920_1080-f_jpg-q_x-xxyxx_0

Outro ponto importante é a leveza da narrativa, mesmo que surjam alguns empecilhos na viagem de Fatah, estes são brevemente resolvidos, principalmente por que o foco não é criar um grande conflito, mas, sim, passar uma mensagem de otimismo e de esperança. Aliás, o filme sabe que beira o fabulesco e não tem medo de assumir esse papel. Não é a toa que, por exemplo, a fotografia seja bastante colorida e alegre; que a física basicamente não exista. Enfim, só faltou a vaca falar – e não, isso não seria um problema. Por outro lado, o roteiro é inteligente ao não esconder as críticas que faz não só a forma como os argelinos vivem, mas também ao mostrar o preconceito existente na França com os imigrantes muçulmanos e vice-versa. Essa questão fica evidente na figura do cunhado de Fatah que tenta de todas as formas esconder que tem uma noiva “branca”.   

Mas o que pega mesmo em A Incrível Jornada de Jacqueline é o humor: na medida e inteligente, o argumento é eficiente ao brincar com muçulmanos sem apelar para aquelas piadas de mau gosto envolvendo terrorismo, ao mesmo tempo em que nos faz refletir sobre a nossa existência e o nosso propósito em vida. O longa pode não ser baseado em eventos reais, mas com certeza, é inspirado na vontade do ser humano de seguir seus sonhos, por mais simples que possam ser.

TRAILER LEGENDADO

Um comentário sobre “Crítica | A Incrível Jornada de Jacqueline

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.