Ao término do drama de Spotlight, três quesitos me levaram a acreditar que este é o melhor filme do ano.
- O papel da imprensa nos dias atuais;
- O exercício do poder que a igreja exerce nas indústrias de fomento global;
- E a coragem de Tom McCarthy de mostrar a história nua e crua do escândalo que ronda a Igreja Católica vs Pedolifia, assim como as atuações geniais de Michael Keaton, Mark Rufflalo e Rachel McAdams.
O filme narra a corajosa história de um grupo de jornalistas do conceituado jornal norte-americano “The Boston Globe”, que no ano de 2002 fizeram a denúncia sobre abusos sexuais contra crianças praticados por padres na região de Boston. Depois do primeiro artigo divulgado, a equipe do caderno “Spotlight” receberam inúmeras ligações de outras vítimas, e continuaram a expor a cruel história de violência, que era/é escondida pelo alto poder da Igreja Católica.
O papel da imprensa nos dias atuais
Antes de falar da igreja como instituição total, quero trazer a imprensa como a precursora total da verdade. Se a Globo me diz que em fevereiro eu tenho que assistir BBB, e a Record me ilude com a propaganda da divulgação de seus materiais gospeis, então eu esqueço que uma criança está sendo abusada, uma mulher está sofrendo agressão, que o crime ambiental em Mariana não é culpa da Samarco, que policiais abusam de autoridades contra adolescentes, eu esqueço da realidade a minha volta. Mas falar da imprensa, não é colocar o dedo no jornalista/publicitário que levanta 05h00 da manhã pra pegar dois ônibus e ganhar o seu pão. Mas sim dos “grandes chefes” por trás dos lucros e propaganda, como bem dissertou, Eduardo Gomes em sua crítica: “um notório enclausuramento por parte dos órgãos e instituições de imprensa em não aceitar os novos tempos, estando muitas vezes a serviço de empresas, partidos políticos ou grupo minoritários não confortáveis com perda de relevância ou influência”. Em mundo de controvérsias e medo, eu pergunto aos “grandes chefes”: quando você irá acordar para a realidade dos fatos? Precisamos de você.
O exercício do poder que a igreja exerce nas indústrias de fomento global
Vou revelar um “grande chefe” pra vocês: a igreja. Não vou especificar nomes de religiões, pois em sua maioria, tem excessos, crimes, fé, poder, dinheiro, etc. Também não quero questionar a fé de ninguém. Apenas quero discutir que “chefes religiosos” (não todos) aproveitam para lucrar e esconder histórias de terror contra a humanidade.
No filme, Spotlight , um grupo de padres abusam sexualmente de crianças, os “altos chefes” da igreja católica em Boston sabiam do estavam acontecendo desde a década de 60 (década que começa a denúncia contra a Igreja em Boston), e escondiam atrás de seus muros. Inclusive escondendo da população civil arquivos de acessos públicos. O mais admirável dessa instituição total é que ao saberem de denúncias contra padres sobre abuso sexual, arquitetam uma casa de repouso/internato/prisão, onde os os padres e freiras tentam seguir os seus ensinamentos divinos. Para melhor compreender esse local de recuperação e a por dentro dos muros da igreja católica, recomendo o filme O Clube (2015), segue o link do trailer: https://www.youtube.com/watch?v=7tTs6rTUkZo .
Apesar de eu não ser uma pessoa religiosa, compreendo o seu lugar de acolhimento. E sendo essa instituição seguida por milhões de fieis e sustentada por muitos deles, que juntamente com a imprensa possa mudar de lado em tempos de ódio, guerra e capital, e ouvir seus leitores e seguidores. Os “grandes chefes” precisam dissertar longe de suas casinhas de aspas.
Tom McCarthy e Spotlight
Indicado a 6 categorias no Oscar, o favorito da noite pode levar as seguintes estatuetas: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Mark Ruffalo), Melhor Atriz Coadjuvante (Rachel McAdams), Melhor Direção (Tom McCarthy), Melhor Roteiro Original (Tom McCarthy, Josh Singer) e Melhor Edição (Tom McArdle).
Grande parte do sucesso aclamado pela crítica sobre Spotlight pode ser direcionado ao diretor Tom McCarty, que também compõe o roteiro juntamente com Josh Singer e ao elenco, em destaque para Mark Ruffalo, Michael Keaton e Rachel McAdams.
Tom nos leva de maneira forte e cuidadosa dentro da história de mais polêmica no “The Boston Globe” e para a cidade de Boston, e usando do cinema, um meio de criatividade, alerta e denúncia. O mesmo pode ser descrito nas atuações do elenco, que ao se entregar aos seus personagens, também nos fixa aos olhos o desenrolar desta grande denúncia.
TRAILER LEGENDADO:
https://www.youtube.com/watch?v=I7TYGRwZbE4
Título: Spotlight – Segredos Revelados (Spotlight, 2015)
Direção: Tom McCarthy
Roteiro: Tom McCarthy, Josh Singer
Elenco: Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams, Liev Schreiber, Stanley Tucci, John Slattery, Brian d’Arcy James.
Duração: 128 minutos