Uma das homenageadas do 44º festival de Gramado é a atriz Sônia Braga, uma das musas do audiovisual nacional. Braga tem entre seus mais marcantes papeis a Gabriela, personagem adaptada do romance de Jorge Amado, a Dona Flor de “Dona Flor e seus dois Maridos” e esse ano protagoniza “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, filme que inclusive foi a abertura do festival. Leia aqui o principal da conversa que Sônia teve conosco.
Como foi ser dirigida pelo Kleber Mendonça?
Foi… inusitado! O Kleber tem uma maneira de dirigir atores de forma muito engraçada… Ele dá uma liberdade ao mesmo tempo que nos orienta de forma maravilhosa.
O mais interessante foi que ele, desde a primeira conversa, disse que prefere trabalhar com não atores. Eu achei maravilhoso, pois me deixou mais segura. Cada ensaio me deixava mais encantada pelo trabalho
Como você conseguiu o papel de Aquarius?
O Kleber estava em busca de quem interpretaria a personagem, o preparador de elenco me conhecia e me indicou. Recebi o roteiro, li metade dele numa tarde só, fiquei tão eufórica e sem ar, pois foi um dos melhores roteiros que já li em toda minha carreira… Principalmente por sinterizar tantas respostas que gostaria de ter usado durante a minha vida, em situações similares a da personagem.
Qual foi a cena mais difícil do filme?
Olha, todas as cenas do cinema são cenas difíceis… Cinema é algo estranho, pois por mais dificuldade que passamos, é em prol de uma arte maravilhosa. Não tem cena difícil, pois participar de cinema é você ter prazer constante
Você considera a equipe do filme como uma família?
Eu não diria como família, até pelo fato de família ser algo complicado (risos). Só que eu diria que foi é a minha equipe de trabalho favorita, sobretudo por ter tido uma democracia ampla no set de filmagem. Foi algo único, pois todos que estavam lá contribuíram, opinavam… Foi com um diálogo constante entre todos os membros da equipe
Como foi a experiência em Cannes?
Olha, a gente chegou em Cannes muito pouco tempo depois que acabamos o filme! Foi tão rápido. Eu acho uma injustiça eu não ter ganhado sequer uma medalha de ouro depois de toda essa viagem, de ter atravessado o tapete vermelho de salto alto… Uma barbaridade (risos)
Você se emocionou com a homenagem feita pelo Festival?
Emoção é uma coisa estranha, sabe quando uma criança abre seu presente e vê o que ganhou? Foi o que senti. Ser homenageada é incrível, principalmente por atravessar todo o caminho ao lado de sua equipe tão grandiosa responsável por nosso filme. Ser homenageada e ainda apresentar nosso filme é uma sensação única, me deixa bastante orgulhosa.