Uma pequena homenagem a obra do grande diretor de filmes de terror Wes Craven que revolucionou para sempre o gênero e que infelizmente faleceu domingo, dia 30 de agosto, aos 76 anos.
ANIVERSÁRIO MACABRO (1972)
“Para evitar desmaios, fique repetindo: É apenas um filme … ” Ao longo de quatro décadas desde o seu lançamento, “A Última Casa à Esquerda” ainda é difícil de assistir. Wes Craven escreveu, dirigiu e editou esta adaptação de A Virgem da Primavera de Ingmar Bergman, em que um grupo de fugitivos assassinam brutalmente uma menina de 17 anos de idade, em seguida, encontram-se à mercê de seus pais vingativos. O filme é corajoso e perverso: a contenção diretorial de Craven e o pequeno orçamento ficaram a favor do estilo realista do filme.
QUADRILHA DE SÁDICOS (1977)
O remake de 2006 de “Quadrilha de Sádicos” (no Brasil “Viagem Maldita”) – que Craven produziu – é um dos melhores remakes de terror modernos. Mas não há realmente nenhuma comparação com o original, que é tão chocante quanto, mesmo sem quase tantas explosões de violência gráfica. Uma história de própria concepção de Craven, “Quadrilha Sádica” foi um vislumbre das profundezas da sua criatividade. Se um grupo de pessoas correndo em conflito com mutantes homicidas soa familiar, é porque o filme – como a maioria dos filmes de Craven – foi influente o suficiente para inspirar inúmeras repetições do conceito.
O MONSTRO DO PÂNTANO (1982)
Com “O Monstro do Pântano”, Craven foi capaz de mostrar um pouco de sua gama: Em particular, ele estava trabalhando para estabelecer-se como alguém que poderia assumir o entretenimento de ação-pesada. Mais do que seus filmes anteriores, “O Monstro do Pântano” era sobre se divertir. Mas mesmo não sendo um filme profundo, ele ainda reflete alguns dos maiores talentos do Craven, incluindo a criação de monstros complicados e emocionalmente ressonantes. A criatura titular é apenas mal compreendida – uma espécie de Frankenstein dos últimos tempos – e com Craven no comando, ele é uma figura imponente, mas ainda simpática.
A HORA DO PESADELO (1984)
Quando se trata de franquias de terror, há três grandes: Halloween, Sexta-feira 13, e A Hora do Pesadelo. Mas Freddy Krueger era um tipo inteiramente novo de vilão, e seu filme de estréia revigorou completamente o gênero. Este não foi um silêncioso e desajeitado Michael Myers dando fim em adolescentes irresponsáveis – este foi um Freddy inteligente invadindo os sonhos de suas vítimas. Halloween e Sexta-Feira 13 vieram primeiro, e eles também eram extremamente influentes, mas A Hora do Pesadelo mostrou que um terror poderia ser de alto conceito e ainda completamente aterrorizante.
A MALDIÇÃO DE SAMANTHA (1986)
Alguns podem zombar da inclusão de “A Maldição de Samantha” nesta lista, mas o filme é, no mínimo, interessante para o que ele poderia ter sido. Esta foi a tentativa de Craven em tentar algo diferente, um suspense/ficção. Sim, é estranho, muito “filme dos anos 80”: Kristy Swanson interpreta uma garota que é assassinada por seu pai abusivo e trazida de volta como um robô. Mas ainda há muita sensibilidade de Craven aqui. Assim que foi lançado, o público exigiu cenas “gore”, de modo que o corte final inclui algumas cenas de violência verdadeiramente chocantes. Não é um clássico em nível de A Hora do Pesadelo, mas é um filme fascinante.
A HORA DO PESADELO 3: OS GUERREIROS DOS SONHOS (1987)
Não, nem todas as sequencias são ruims! “A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos” é uma das partes mais agradáveis da franquia. (Ela também marcou o retorno de Craven para a franquia – como co-escritor – depois do muito caluniado, A Hora do Pesadelo 2.) O que torna “Guerreiros dos Sonhos” tão bom é a disposição de Craven em experimentar com o gênero: É ainda um terror em muitas maneiras, mas ele também incorporou elementos de ação e fantasia. Este é o filme em que as crianças usam super poderes induzidas pelo sono para lutar contra Freddy – e é 1000 vezes melhor do que parece.
AS CRIATURAS ATRÁS DAS PAREDES (1991)
“As Criaturas Atrás das Paredes” é tão estranho quanto ele é hilário. É também mais um exemplo de Craven empurrando os limites de convenções do gênero. Em vez de uma menina adolescente branca, seu protagonista é um jovem menino negro. Os vilões são os proprietários do mal que tentam forçar sua família para fora de sua casa. (Eles também são assassinos, mas isso é quase secundário.) O filme é assustador e profundamente engraçado, mas talvez o mais importante é que demonstra a capacidade de Craven de se envolver com o mundo ao seu redor, subvertendo horror tradicional para satirizar males da sociedade.
O NOVO PESADELO: O RETORNO DE FREDDY KRUEGER (1994)
É difícil imaginar Kevin Williamson escrevendo Pânico sem a influência do “Novo Pesadelo”, que mudou para sempre o terror. Craven interpreta ele mesmo no filme: Ele está escrevendo uma nova sequencia de A Hora do Pesadelo, mas a linha entre a fantasia e a realidade começa a se diluir quando Heather Langenkamp (estrela do filme original) é ameaçada por uma Freddy Krueger muito real. Novo Pesadelo foi uma experiência arriscada, e por enquanto, é o menor filme de maior bilheteria da franquia e estabeleceu o meta-terror como um novo subgênero.
PÂNICO (1996)
E então houve “Pânico”, em que Williamson levou o meta-terror para o próximo nível. Com brilhante roteiro e direção de Craven, Pânico tornou-se um clássico moderno do terror. Assim como A Hora do Pesadelo, ele redefiniu completamente o gênero para uma nova geração. Foi um terror mais inteligente e mais divertido – ainda cheio de sangue e tripas, mas também uma sensação de corte de ironia. Embora grande parte do crédito pelo sucesso do filme vá para Williamson, é impossível ignorar o trabalho que Craven fez na transformação ainda mais do gênero que ele ajudou a construir em grande parte.
MÚSICA DO CORAÇÃO (1999)
Se você é um fã obstinado de terror que procura explorar as obras de Wes Craven, você seria perdoado por não dar bola para “Música do Coração”, seu único filme fora do gênero. Meryl Streep interpreta Roberta Guaspari, uma violinista da vida real que trabalhou para trazer a educação musical nas escolas do centro da cidade. Música do Coração é um ligeiro, mas gratificante drama. Para os fãs de Craven, é principalmente interessante porque é uma diferença gritante de tudo o que veio antes ou depois. Craven pode ter sido o mestre do horror, mas teria sido interessante vê-lo fazer mais tentativas desse tipo.
VÔO NOTURNO (2005)
“Vôo Noturno” é mais suspense do que terror. Craven não o escreveu, mas sua direção aqui mostra uma tremenda quantidade de habilidade, sobretudo tendo em conta que o filme se baseia em violência psicológica e não banhos de sangue para aterrorizar o público. Tal como acontece com muitos dos filmes de Craven posteriores, Vôo Noturno é comumente ignorado, mas é facilmente um de seus melhores filmes do século 21. É estressante, contido, e muito eficaz, uma prova da longa carreira de um diretor em entrar sob a pele dos telespectadores.
PÂNICO 4 (2011)
Embora muitos não gostem de “Pânico 4”, há muito para se desfrutar sobre o (por enquanto) capítulo final da série de filmes Pânico – e último filme de Craven. Foi outra colaboração entre Craven e o roteirista Kevin Williamson, e é mais um passo em frente na deliberada expansão do gênero. Craven foi o cineasta de terror dos anos 80, mas com Pânico ele mostrou sua sensibilidade moderna. E Pânico 4 levou as coisas ainda mais longe: Craven se tornou um ícone do horror por seu trabalho passado e um inovador contemporâneo, sempre preparando o terreno para o que virá a seguir.
Link da matéria original em inglês: http://www.buzzfeed.com/louispeitzman/essential-wes-craven-films#.be1p5Ywk9