Direção: Sérgio Rezende
Roteiro: Sérgio Rezende, Rodrigo Lages e Rafael Dragaud
Elenco: Mateus Solano, Paolla Oliveria, Chico Dias, Eduardo Galvão, Emílio Dantas
Produção: Érica Iootty, Mariza Leão
Estreia: 21 de Abril de 2016
Gênero: Ação/Policial
Duração: 115 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
O timing para lançamento de Em Nome de Lei não poderia ser mais perfeito: no filme temos a história do juiz que quer fazer cumprir a lei a qualquer custo – mesmo que isso venha a infrigir algumas regras -; temos uma promotora que nada mais serve do que interesse amoroso para o magistrado – de certa forma, referenciando a maneira como o Ministério Público vem atuando em alguns casos, isto é, servindo de mero acessório para o Judiciário -; e, claro, temos o vilão, aparentemente irretocável, ameaçador, controlador, mas que, no fundo é um homem de família, preocupado em manter seus negócios. Se por um lado a atualidade da película impressiona, por outro, peca pela forma como aborda seus personagens, apresentando-os de forma unidimensional e maniqueísta.
A fronteira entre o Brasil e o Paraguai está basicamente tomada tanto pelo tráfico de drogas, quanto pelo comércio ilícito e pelo contrabando. Todo esse esquema, é sabidamente comandado pelo Don Corle…, digo, Gomes (Chico Dias), uma figura ameaçadora, mas respeitada por toda comunidade, haja vista sua influência e “bondade” para com os moradores. Tudo vai indo como sempre foi até que um novo juiz federal chega à cidade, Vítor (Mateus Solano) está iniciando a carreira e não só quer “mostrar trabalho” como também quer que a lei seja cumprida, uma vez que a maioria dos processos contra Gomes estão parados sem motivo aparente. Enquanto isso, a promotora Alice (Paolla Oliveira) e o delegado Elton (Eduardo Galvão) se sentem prejudicados com as atitudes do novo juiz, visto que as investigações contra o traficante vão por água abaixo, já que Gomes agora sabe que está visado.
Primeiramente, convém ressaltar que em termos de direção e de efeitos especiais, temos, Em O Nome da Lei um ótimo filme. Sérgio Renzede, aqui saindo dos filmes sobre passagens históricas do país, para trazer um tema mais atual, mantém uma condução segura e bastante eficiente, na maior parte da projeção. As cenas de ação são ágeis na medida certa e os enquadramentos são inteligentes. Os efeitos visuais, da mesma forma, são usados somente quando necessários e nunca soam apelativos ou falsos.
Por outro lado, a calcanhar de aquiles do longa é, sem duvida, roteiro e montagem. Bem vamos começar pelo segundo: a duração da película é de quase duas horas, as quais em certos momentos demoram para passar, principalmente por causa das cenas românticas envolvendo Vitor e Alice, pois os atores não tem química alguma e, também, por causa de alguns personagens secundários que simplesmente pouco acrescentam para o desenvolvimento da narrativa. Assim, fica evidente que faltaram alguns cortes na sala de edição para que essas barrigas não aparecessem na versão final. No mesmo sentido, vêm o roteiro que aposta em personagens extremamente artificiais, os quais, a despeito de fazerem referências a certas figuras de instituições brasileiras, simplesmente não são abordadas com a profundidade adequada. Além disso, basicamente se aceita a ideia de que está ok um juiz descumprir a lei, para que consiga o que quer no melhor estilo “os fins justificam os meios”, quando, na verdade, lidar o sistema penal é bem mais complexo, visto que existem direitos e garantias que deveriam ser oportunizadas as partes. Ademais, é quase um insulto colocar a personagem da Paolla Oliveira para ser apenas um par romântico, quando poderiam explorar a sua situação como procuradora basicamente frustrada com a carreira e com as constantes falhas.
Portanto, Em Nome da Lei, embora funcione para um público mais interessado em um thriller policial, com investigação e afins, falha na construção de seus personagens por querer apresentar um falso moralismo ou exaltar instituições as quais são compostas por seres humanos que, sim, cometem erros e não são perfeitos. E tudo isso é frustrante, visto que, de uma forma ou de outra, estamos no meio da Operação Lava-Jato, na qual o tempo todo está se questionando qual é o papel da magistratura e, quando chegamos no cinema, essas questões passam batidas. Talvez seja um reflexo da crescente maioria que acredita numa figura que salvará a todos.
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