Direção: Carlo Milani
Roteiro: Melanie Dimantas e Ronaldo Santos
Elenco: Thiago Rosseti, Bruna Cavalieri, Marcos Caruso
Produção: Sara Silveira
Estreia: 14 de Abril de 2016
Gênero: Aventura
Duração: 90 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Eis que finalmente temos uma adaptação do best seller O Escaravelho do Diabo para as telonas. Sem dúvida, o livro é um sucesso de público e de crítica, além de serem poucas as pessoas que nunca tiveram contato com a obra, seja na escola ou até mais tarde. Infelizmente, a versão para o cinema não faz jus ao material original, visto que a direção e as atuações são sofríveis. No entanto, há elementos interessantes como o roteiro e a montagem que até que conseguem deixar a fita mais palatável.
A narrativa inicia em uma pequena cidade chamada Vale das Flores na qual uma série de assassinatos estranhos começam a ocorrer, visto que as vítimas era todas ruivas e sempre recebiam um escaravelho pelos correios momentos antes de sua morte. A primeira vítima é o irmão de Alberto (Thiago Rosseti) cujo corpo é contrato com uma espada atravessada e, em função disso, o garoto acaba no meio das investigações do policial Pimentel (Marcos Caruso). Com o passar do tempo, mais ataques vão acorrendo e busca por esse serial killer que tem por objeto pessoas ruivas começa a ficar mais acirrada.
Um dos pontos altos do filme é, em dúvida, a história que, ainda que sofra algumas adaptações para se tornar mais atual (afinal o livro é de 1953), segue a mesma na essência. Além disso, o roteiro de Melanie Dimantas e Ronaldo Santos consegue aproveitar o melhor do argumento transpondo para a tela o suficiente para que o conteúdo original fosse respeitado, mas sempre adicionando toques mais modernos. Ademais, tudo é muito ágil e bem construído que, mesmo já sabendo do desfecho, é possível ficar intrigado e tenso com o que está por vir. É necessário, também, dar os devidos créditos à montagem da película a qual auxilia nesse andar frenético da narrativa.
Por outro lado, a direção de Carlo Milani deixa e muito a desejar. Primeiro, não tem cara de cinema, tudo parece um grande novelão: os enquadramentos são óbvios, as cenas de tensão são piegas e no clímax da fita chega a ser vergonhosa a pobreza de detalhes de toda construção, seja do vilão em si, seja de toda a mise-en-scène. Além disso, a escolha dos atores é totalmente equivocada: Thiago Rosseti, no papel do protagonista, está totalmente apático com os acontecimentos, quando o personagem perde o irmão, não conseguimos nos sensibilizar, o mesmo vale para o pseudo par romântico dele, a Raquel, interpretada pela Bruna Cavalieri que também não consegue emplacar nenhum bom momento. É possível, contudo, fazer uma leve ressalva para Marcos Caruso, já que em uma ou outra cena o ator funciona como alívio cômico.
Por fim, o grande problema de O Escaravelho do Diabo é apostar quase que cegamente em um único público: os/as adolescentes de 12, 13 anos. Isso fica evidente pela forma como tudo é conduzido e, principalmente, pela principal alteração do livro que é transformar o protagonista em um garoto de 13 anos, quando no original ele é um estudante de medicina. Assim, o filme tem potencial de agradar apenas a essa faixa etária, inclusive, tenho minhas dúvidas se irão conseguir cumprir esse objetivo. Portanto, aos trancos e barrancos a adaptação se mostra apenas limitadamente eficiente. Enquanto o livro permanecerá com relevância, dificilmente o longa chegará a essa nível, ou melhor, vai ser esquecido. É uma pena.
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