Título Original: Samba
Direção: Olivier Nakache e Eric Toledano
Roteiro: Olivier Nakache, Eric Toledano, Delphine Coulin e Muriel Coulin
Elenco: Omar Sy, Charlotte Gainsbourg, Tahar Rahim, Izïa Higelin, Hélène Vincent
Produção: Nicolas Duval-Adassovsky, Laurent Zeitoun e Yann Zenou
Estreia Mundial: 15 de Outubro de 2014
Estreia no Brasil: 09 de Julho de 2015
Gênero: Drama/Comédia
Duração: 118 minutos
Classificação Indicativa: 12 anos
Na metade final de 2012 chegou ao Brasil, Intocáveis, que, em pouco tempo, caiu no gosto popular de uma maneira surpreendente. Seja pela leveza da narrativa, seja pelo carisma dos personagens, todos espectadores saiam com um sorriso no rosto após a sessão. E isso não foi exclusividade das terras tupiniquins. Por onde passava, a fita atraía inúmeros fãs, e o resultado foi que Intocáveis se tornou um dos filmes franceses de maior sucesso de todos os tempos, passando, inclusive, o cultuado “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”. Então, quando ouvi falar que a mesma dupla de diretores e roteiristas do longa iria se reunir para um novo trabalho, meu primeiro pensamento foi: “vão tentar repetir o sucesso, repetindo a fórmula”. Para o meu feliz engano, o contrário ocorreu; e melhor, pois, além de não repetirem a fórmula, eles fizeram um filme com um enfoque completamente diverso do primeiro, trazendo novas camadas aos personagens, crítica social e, principalmente, reflexões.
Na história acompanhamos Samba (Omar Sy de Intocáveis), um simpático senegalês que se muda ilegalmente para a França em busca de novas oportunidades. Fazendo um bico aqui e ali, ele consegue uma vaga de cozinheiro em um restaurante, mas ainda precisa de um visto permanente para poder continuar no país. Nessa busca, ele conhece a advogada Alice (Charlotte Gainsbourg de Ninfomaníaca) que presta serviços para uma ONG que auxilia refugiados e extralegais a resolverem seus problemas com a imigração francesa. Ela marca uma audiência perante o juizado para tentar legitimar a situação de Samba, porém nada sai como planejado e o protagonista é obrigado a retornar à sua origem. Assim, ele resolve desacatar a ordem e permanecer escondido prestando alguns trabalhos informais com o intuito de prosseguir sobrevivendo e, dessa forma, percebe que não é o único em tal conjuntura.
É muito louvável quando diretores saem de sua zona de conforto, buscando algo novo, sem abrir mão de sua essência. É exatamente o que ocorre em Samba. Percebemos alguns traços semelhantes de construção a Intocáveis, mas a dupla Olivier Nakache, Eric Toledano aposta em um gênero completamente diferente. Como é possível perceber da sinopse, temos um filme muito mais sério, abordando alguns temas mais maduros como: imigração ilegal e a forma como os governos lidam com isso, depressão e até pinceladas na questão das guerras étnicas na África. Assim, temos uma narrativa mais pesada, tanto do ponto de vista dos diálogos, quanto da direção. A forma como os diretores lidam com esse peso é bastante natural, levando a serio quando tem de ser assim e descontraindo em alguns momentos para quebrar o gelo. O resultado em tela é um película gostosa de ser assistida que sabe conduzir o espectador sem maniqueísmos ou manipulações óbvias e excessivas.
As atuações dos protagonistas Omar Sy e Charlotte Gainsbourg, também conferem um tom de naturalidade à fita. Sem exageros tanto na atuação, quanto na maquiagem e no figurino, logo conseguimos nos identificar com eles e suas histórias. Ademais, os coadjuvantes, com um destaque especial para Tahar Rahim e Izïa Higelin, responsáveis pela parte mais cômica do longa, se mostram tão interessantes quanto os principais ao trazerem todo um background de diferenças tanto de classe quanto de forma como lidam com a vida e as dificuldades dela.
Samba, por fim, pode até não ser um filme memorável como Intocáveis, mas, mesmo assim, acerta na sua execução do início ao fim, trazendo uma história tocante, singela e honesta. É mais um acerto na carreira dos diretores e roteiristas Olivier Nakache, Eric Toledano que novamente trazem a oportunidade de uma maior abertura popular a esse cinema rico que é o francês. Lembrando que é sempre bom começar por algum lugar, que seja, então, começando por eles, para quem sabe chegar um dia em Godard, Truffaut, Alain Resnais, Jacques Tati… Enfim, dá para passar um dia todo falando mais nomes, mas, já fica a dica.
TRAILER LEGENDADO