Crítica | Parthenope: Os Amores de Nápoles

Já faz mais de uma década que Paolo Sorrentino viu seu “A Grande Beleza” se tornar uma sensação mundial na temporada de premiações e vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional e, desde então, parece que o cineasta se tornou expert em realizar diferentes versões deste mesmo filme, com sua obsessão em busca dessa “grande beleza” e dos conflitos do tempo e da juventude sendo temas não apenas recorrentes, mas integrais a suas histórias. Seus questionamentos, porém, pareceram também tornar-se mais pessoais, com sua origem napolitana tomando cada vez mais conta de suas narrativas, sem falar no orgulho futebolístico, resgatado quando o time de sua cidade natal venceu o campeonato nacional três décadas após ter ganhando seus primeiros títulos da competição, quando foram liderados por Maradona no final dos anos 80. Toda essa recorrência de eventos se faz mais uma vez presente em “Parthenope: Os Amores de Nápoles”, que narra a vida da personagem título, interpretada por Celeste Dalla Porta, desde seu nascimento, nos anos 50, e a forma como essa mulher quase mitológica afeta a vida de todos à sua volta, desde seus pais, seu irmão e qualquer um que cruze caminho com sua beleza singular.

A novidade da vez para Sorrentino é uma protagonista mulher, para variar um pouco. Contudo, a personagem não foge muito dos estereótipos femininos que permeiam suas produções, são as mesmas características e o mesmo desenvolvimento pífio, onde “Parthenope: Os Amores de Nápoles” dá à protagonista a profundidade de um pires, onde o que há de soar “misterioso” sobre ela é, na realidade, mais similar ao vazio da incapacidade de Sorrentino em compreender uma mulher, se é que sequer tenta. Tanto é que o personagem mais intrigante de todo o filme é, sem sombra de duvidas, o irmão de Parthenope e a sua narrativa melancólica por sua relação com a protagonista. O filme parece girar em torno disso, e Parthenope vive em prol dessa sua relação com o irmão, mesmo sendo ela a protagonista. Essa falta de profundidade dela se vê refletida nas imagens que Sorrentino constrói, porque, por mais que à primeira vista elas sejam bonitas, no fundo são apenas esteticamente agradáveis, mas esvaziadas de sentido. Toda essa pompa é de uma autoindulgência que já não leva mais a lugares novos, ou a qualquer lugar, porque tudo o que vemos aqui Paolo Sorrentino já fez antes e de formas melhores, se não na forma de filme, então série, mas tudo que aqui está, já estava antes. Agora, ao invés de intrigante ou atraente, se tornou apenas cansativo.

Parthenope: Os Amores de Nápoles” – Trailer Legendado:

Parthenope: Os Amores de Nápoles” (“Parthenope”, 2024); Direção: Paolo Sorrentino; Roteiro: Paolo Sorrentino; Elenco: Celeste Dalla Porta, Stefania Sandrelli, Gary Oldman, Silvio Orlando, Luisa Ranieri, Peppe Lanzetta, Isabella Ferrari; Duração: 136 minutos; Gênero: Drama, Fantasia; Produção: Lorenzo Mieli, Ardavan Safaee, Paolo Sorrentino, Anthony Vaccarello; País: Itália, França; Distribuição: Paris Filmes; Estreia no Brasil: 20 de Março de 2025;

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