Tito e os Pássaros (2018); Direção: Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar, André Catoto Dias; Roteiro: Gustavo Steinberg, Eduardo Benaim; Elenco: Denise Fraga, Mateus Solano, Matheus Nachtergaele, Pedro Henrique; Duração: 73 minutos; Gênero: Aventura, Drama; Produção: Gustavo Steinberg, Daniel Greco, Felipe Sabino; País: Brasil; Distribuição: Elo Company; Estreia no Brasil: 14 de Fevereiro de 2019;
“Tito e os Pássaros” tentava seguir nos mesmos passos de “O Menino e o Mundo”, de Alê Abreu, ao menos na repercussão mundial, quando este último foi indicado ao Oscar de Melhor Animação. O filme de Gabriel Bitar, André Catoto e Gustavo Steinberg até era cotado para uma indicação ao Oscar, inclusive recebeu uma indicação de Melhor Filme Independente no Annie Awards, mas não foi além disso, o que, de qualquer forma, já é um tremendo feito. É importante também por solidificar uma técnica que tem muito potencial de crescimento no Brasil e da qual não há sombra de dúvidas quanto à qualidade.
“Tito e os Pássaros” é mais uma prova disso, ainda que mais na técnica visual que implementa, do que em todo o restante, porque é um filme que peca em diversas frentes, mas cuja traços da animação sempre estão prontos para deslumbrar ao espectador. Se esse, por sua vez é claro, conseguir manter a atenção durante a pouco mais de uma hora de duração do filme, que esbarra em irregularidades e não só decepciona, mas se torna irritantemente redundante em diversos momentos, numa história que parece teimar em não seguir em frente.
Talvez para um público infantil, especialmente pré-escolar, a narrativa de “Tito e os Pássaros” pode até funcionar muito bem, e servir como uma distração com uma leve lição de moral. Contudo, é sempre importante lembrar que algo por ser dedicado a tal público não precisa, de forma alguma, ser tão ingênuo ou, em momentos, simplesmente ignorante. É irritante como se bate incansavelmente na tecla do medo, mas num discurso repetitivo e que não leva a lugar algum, e tão dissoluto em uma estupida infantilização que se torna irrelevante. Seu desespero em se fazer relevante é tão gritante que consegue justamente ir na contramão do que deseja.
A caricatura que se constrói é tão maniqueísta que qualquer crítica se perde ao longo do caminho, com personagens que não passam de um superficial estereótipo e cujas tramas acabam sofrendo com isso, muitas ficando apagadas ou sem fazerem muita questão de ser, quiçá existirem. Tornando assim, também, impossível qualquer comoção com a história dos personagens, cujas relações são muito dispersas para que nos importemos. Ao tentar explorar diversas temáticas sociais sem qualquer aprofundamento, “Tito e os Pássaros” não consegue exatamente falar sobre nenhuma delas, sendo vítima de seu próprio discurso.