Chega a ser embasbacante A Feiticeira Viúva (The Widowed Witch) ser o primeiro longa-metragem de Cai Chengjie, que também roteiriza o filme.

O chinês, que estudou design artístico, desempenha com maestria a linguagem cinematográfica em sua estreia, e brinca com conceitos no filme protagonizado por Tian Tian.

É um trabalho bastante interessante em diversas maneiras, assim como conta com uma riqueza de características na mesma proporção.

Ao mesmo tempo que desempenha uma linguagem bastante universal, onde seus elementos culturais mais regionais se fazem compreensíveis, tem sucesso justamente em não perder essa sua identidade cultural que é de grande diferencial.

No fim das contas parece ser detentor muito mais de uma toada cômica, e aí o trabalho de Chengjie, no roteiro, e da atuação de Tian corroboram para o que funciona de melhor.

De certa forma chega a ser sádico, pois há toda uma melancolia por detrás da história da protagonista, mas dificilmente é possível se deixar de rir com o filme.

O quão pesada é a história também faz parte de seu desenvolvimento, que têm seus elementos narrativos muito bem distribuídos e nos leva numa jornada bastante memorável.

Mas acaba sendo deveras carismática por conta da protagonista interpretada por Tian Tian e a maneira como a personagem é desenvolvida.

Creio que desde o princípio ela seja nossa heroína, e nos preocupamos com sua situação desde então, até porque é explícita a maneira com a qual ela abusada pela sociedade que simultaneamente a rejeita.

A acompanhamos à margem, junto de seu afilhado, numa toada em sua vida que culmina em inusitados altos e baixos, com direito a inúmeras metáforas para construir o mítico universo que o cineasta pretende.

É uma viagem que sempre permeia os limites de maneira tênue, entre o que é real e fantasia, numa imersão cultural aos mitos chineses.

Mas há uma beleza a parte em A Feiticeira Viúva, que se dá majoritariamente em preto e branco, mas cuja controle de cor durante suas duas horas se dá das maneiras mais inventivas e encantadoras possíveis.

É de uma delicadeza tremenda, que mais entretém do que qualquer outra coisa. Entretanto, é uma experiência bastante satisfatória, que deve apenas crescer com o tempo.

Na realidade, revisitar A Feiticeira Viúva é um convite bastante tentador, para tentar se compreender em sua totalidade tudo que a personagem da encantadora Tian Tian e os caminhos pelos quais Cai Chengjie a conduz resguardam ao público.

Confira nossa cobertura do 7º Olhar de Cinema.

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