Ansiosa Tradução deixa bastante perceptível a formação mais artística de sua realizadora, não por se tratar de uma obra experimental, w sim ressaltar os detalhes que se fazem importante para a história, que é um híbrido de ficção e realidade, baseando-se em eventos e situações que aconteceram a própria Shireen.

Há que se atentar para a plasticidade das imagens que a cineasta passa a reproduzir, não só em seu conteúdo, em enquadramentos bastante elaborados, mas em todo o processo de montagem, que varia conforme o anseio da jovem protagonista em sua incomunicabilidade.

Assim vai sendo construído pouco a pouco uma obra que apela aos sentidos e cuja apuro estético é demasiadamente encantador.

Há toda uma melancolia por detrás da história, de mãe e filha que se veem afastadas de, respectivamente, marido e pai.

Consumidas pela saudade, tudo o que lhes resta para diminuir a distância são fitas gravadas por ele no Japão e enviadas para a família.

Contudo, só parece fazer aumentar o sentimento causada pela ausência.

Como encontrar, portanto, uma forma de expressar aquilo que se sente sem nem mesmo é possível compreende-lo por completo?

Shireen Sano tem uma felicidade tremenda na intérprete de sua protagonista que dá vida a jovem Yael em Ansiosa Tradução.

A garota esbanja carisma e brilha nos momentos mais cruciais, se mostrando bastante capaz de controlar suas expressões e trejeitos, entregando uma atuação deveras encantadora.

Shireen sabe de sua capacidade, mas opta por uma determinada leviandade, que acaba por tornar Ansiosa Tradução em um filme com um quê cômico.

Nenhum demérito, apenas se encara a situação com a sobriedade necessária para a história de uma criança de 8 anos e sua descoberta do mundo.

Que nem por isso deixa de ser cruel. A solidão é um tema recorrente durante todo o filme, e a atriz que interpreta a mãe de Yael capta isso muito bem.

Ela compreende o estado em que se encontra a filha, mas conta com sua ingenuidade da juventude para lhe preservar, enquanto ela ao fundo perece absorta na racionalidade dos fatos.

É uma dor bastante universal, e talvez aí o maior mérito do filme, em se fazer traduzir sem qualquer ansiedade, com a clareza de uma compreensão cuja consequência é a compaixão por parte do público.

Confira nossa cobertura do 7º Olhar de Cinema.

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