Encontros” (“Inteurodeoksyeon“, 2021); Direção: Hong Sang-Soo; Roteiro: Hong Sang-Soo; Elenco: Shin Seok-ho, Park Mi-so, Kim Young-ho, Ki Joo-bong, Seo Young-hwa, Kim Min-hee; Duração: 66 minutos; Gênero: Drama; Produção: Hong Sang-Soo; País: Coréia do Sul; Distribuição: Pandora Filmes; Estreia no Brasil: –;

Hong Sang-Soo é um dos diretores mais rígidos em sua metodologia. Além de extremamente produtivo, fazendo ao menos dois longas por ano, sempre com uma mise en scene de intervenção mínima. Não apenas na forma que o diretor apresentava uma repetição, também havia uma obsessão com a temática a partir do comportamento masculino oriental e principalmente com a trama de traição. A primeira década deste século do cineasta é cercada por essa fragilidade exposta, principalmente através da bebida, usando o minimalismo de cortes para expor as oscilações de humor das figuras centrais.

Raramente a lente irá optar por algo diferente de um plano inteiro com zooms in e outs para momentos de maior dramaticidade. Ainda assim, soará um movimento brusco e repentino, parte de um eterno improviso dos atores, que parecem confortáveis em conversar sobre qualquer coisa nas mesas de bar onde as tramas sempre se desenvolvem. O cinema do sul coreano segue uma lógica inversa ao convencional, quanto maior a condução do olhar em uma cena, mais destoante e desconfortável ela se torna.

Sempre há como marcar essa escolha pelo mínimo. Até mesmo os filmes do diretor que brincam com uma estrutura narrativa mais arrojada, como linhas do tempo não lineares, nunca é escolhido uma marca que define passado ou presente. Essa ambiguidade do tempo nos filmes passam também por uma escolha que preferencie diálogos curtos e cotidianos. Não há uma exposição direta da passagem do tempo, como personagens conversando sobre feitos ocorridos na elipse, mas sim uma repetição dos mesmos. Passado e presente se mesclam nas memórias entre os signos visuais e no como os personagens reagem às mesmas conversas.

É até estranho ver um filme como “Encontros” ter a assinatura do diretor. Não que seja um filme maneirista, longe disso, mas sim por ter mudanças bem notórias nestes traços citados anteriormente. Primeiro, o conflito. Hong Sang-Soo abre mão das traições e decide falar sobre o conflito geracional. Aqui, a faixa dos 35 anos é tirada de foco para pôr o conflito sobre o futuro de adolescentes indo para a fase adulta da vida. Um jovem ator busca conselhos de uma estrela de teatro pois precisa de conselhos sobre a carreira.

Mas o que mais impressiona é que é, facilmente, o filme do diretor que mais se apega a metáforas visuais: O mar e o carro ganham função simbólica muito mais intencionalmente carregada do que visto em sua filmografia.

Por que ambos carregam essa ideia de transição, tanto na forma, os jump cuts sutis são feitos por meio de planos que envolvem ambos. As águas que vão e voltam e o carro que mantêm-se constante como o dilema posto na trama. A geração mais velha sempre irá tornar sua ajuda em imposição enquanto a mais nova irá se manter teimosa em seus dilemas. Resta seguir o conselho do ator mais experiente em reconhecer e não se privar de pequenas demonstrações de afeto.

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