Frankie (2019); Direção: Ira Sachs; Roteiro: Ira Sachs, Mauricio Zacharias; Elenco: Isabelle Huppert, Brendan Gleeson, Marisa Tomei, Jérémie Renier, Greg Kinnear, Vinette Robinson, Ariyon Bakare; Duração: 100 minutos; Gênero: Drama; Produção: Saïd Ben Saïd, Michel Merkt; País: França, Portugal; Distribuição: Paris Filmes; Estreia no Brasil: 27 de Fevereiro de 2020;

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Definir um filme como “Frankie” é uma tarefa difícil. Ele é um encontro de muitas pessoas, em uma Portugal turística, idílica. Os problemas parecem superficiais, apesar de serem de grande gravidade. Grandes estrelas de nacionalidades diferentes, as férias dos seus personagens que aparentam ser férias literais de seus intérpretes. O novo filme de Ira Sachs pode ser fútil? Completamente. Só é tão agradável, encantador, os dilemas daquele amontoado de burgueses acabam sendo um divertimento a parte. E Isabelle Huppert. Como dizer não a uma das maiores atrizes da atualidade? Apesar de ser agridoce, decepciona por desperdiçar potencial para ser, no mínimo, instigante. E precisava ser mais do que isso?

A Frankie (Isabelle Huppert) do título é uma grande atriz de renome mundial, assim como a sua intérprete. Ela está passando as férias em Sintra com sua família, depois de ter enfrentado uma luta dolorosa contra um câncer. Acontece que a atriz costuma muito manipular as pessoas e situações para as coisas acontecerem da forma desejada. Então ela tenta juntar sua amiga, uma maquiadora de cinema (Marisa Tomei) com seu filho rebelde (Jérémie Renier). Em paralelo, sua outra filha (Vinette Robinson) está prestes a separar do marido, tendo dificuldades em saber como levar a vida em seguinte. O ex-marido de Frankie, por sua vez, se assumiu gay e tenta achar uma paz interior tanto para si como para a ex conjugue, conhecendo a cultura sagra portuguesa. Enfim, é uma comédia de costumes da classe burguesa européia.

Filmes como esse são vistos constantemente entorno do próprio cinema europeu. Basta ver os campeões de bilheteria na França, muito são comédias desse tipo e porte. Contudo, a originalidade residente em “Frankie” se dá em cultuar o sagro e mítico da cultura portuguesa, usando suas paisagens como parte da narrativa, algo que remete ao cinema de Éric Rohmer. Contudo, carece da profundidade pela qual Rohmer era conhecido. Falta genuinidade nos dilemas, nos dramas, nas motivações. Tudo soa bastante banal, ainda que encantador.

O elenco está agradável, Huppert nem se esforça para sair da própria persona (não sendo necessariamente um demérito). O destaque fica para Marisa Tomei, uma atriz que tem atingido seu auge na maturidade, com papéis que conseguem variar entre a comédia e o drama. A direção é comedida, aparente querer chegar num lugar ao qual nunca é visto em telas. “Frankie” é um filme de muitas pretensões e proporções, pincela debates sobre luto, superação, independência, controle, espiritualidade… Tudo tão raso, acaba sendo uma sessão bem agridoce. Encantador mais por sua ambientação do que propriamente suas ambições.

“Frankie” – Trailer Legendado:

Acompanhe aqui nossa cobertura da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

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