Crítica | Masters of Sex | 4ª Temporada

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Masters of Sex – 4ª Temporada (Showtime, 2013-2016); Criada por: Michelle Ashford; Direção: Colin Bucksey, Jeremy Webb, Adam Arkin, Eric Galileo Tignini, Michael Apted, Julie Anne Robinson, Karyn Kusama; Roteiro: Michelle Ashford, Steven Levenson, Ellen Fairey, Amy Lippman, Esta Spalding, Seth Fisher, Matthew-Lee Erlbach; Elenco: Michael Sheen, Lizzy Caplan, Caitlin FitzGerald, Annaleigh Ashford, Beau Bridges, Kevin Christy, Betty Gilpin, Niecy Nash, Kelli O’Hara, Sarah Silverman, Jeremy Strong, David Walton; Número de Episódios: 10 episódios; Data de Exibição: 11 de Setembro a 13 de Novembro de 2016;

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Quando surgiu, Masters of Sex despontava com uma promissora série da Showtime que carecia do reconhecimento necessário. Entretanto, ano após ano, num período muito curto de vida, a série saiu dos holofotes sem ter o reconhecimento que um dia mereceu, agora indo embora pela porta dos fundos após um cancelamento que, a bem da verdade, não vem como uma surpresa, mas que deixa um gosto de traição, por parte do próprio canal, em ter se prolongado de maneira desnecessária.

O problema não é nem Masters of Sex acabar em um final inconclusivo, que deixa muitas pontas soltas que viria a explorar no ano seguinte, que nunca virá para a série. Aí a questão, porque de todas as tramas deixadas em aberto, quais realmente mereceram, ou deveriam mesmo, estar ali? Em suma, pouca coisa naqueles momentos derradeiros do episódio empolgava. O melhor já havia sido deixado para trás há tempos, junto com um potencial que nunca se concretizou por completo.

Os principais culpados sendo os roteiristas, que ao longo dos anos não souberam aproveitar muito bem a seus personagens, e a própria história que tinham para nos contar. A exemplo do gancho deixado para desenvolvimento nesta temporada. A impressão era a de que veríamos um Bill Masters (Martin Sheen) derrotado, que “ficaria no chão”. Cheguei a crer que o personagem realmente estenderia seu sofrimento por mais do que apenas um episódio.

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A série, no entanto, não parecia tão interessada em investir em seu protagonista de tal maneira. Com a reconstrução de sua moral sendo iniciada já em meados do próprio primeiro episódio. Se sua derrocada se estende, o faz de maneira muito tímida, num tratamento que detém uma sutileza desnecessária. Não há, portanto, a gravidade necessária para que aconteça um choque de realidade entre personagem e público, ou de ambos com o desenrolar da história.

O que leva a isso é não só uma certa presunção dos roteiristas, mas sua impaciência em dar, literalmente, tempo ao tempo. Se algumas temporadas atrás já havíamos sido jogados anos no futuro, aqui mais uma vez comprime-se a passagem de tempo. Ao invés de anos, porém, são meses. No caso desta quarta temporada, contudo, não se fazem crescer os personagens, mas sim subtrai-se deles justamente o que tornaria a desenvolvê-los durante os episódios.

Evita-se, também, um drama de teor muito mais pesado que poderia se construir. O que pareceu sempre ser um receio das mentes por trás de Masters of Sex, afinal, muito da tensão era quebrada, ou se tinha tal tentativa, através de alívios cômicos. Todavia, é medonho como os roteiristas se apossaram dessa característica cômica, tentando injetá-la a todo momento na trama, como uma forma de balancear a densidade emocional da série. Algo que, em contrapartida, a prejudicou integralmente, deixando uma brecha que mais parecia uma considerável auto sabotagem.

Libby Masters (Caitlin Fitzgerald) que o diga. Provavelmente na disputa para ser a melhor personagem da série, é incrível como o roteiro de Masters of Sex sempre fez de tudo para que ela parasse e titubeasse durante seu desenvolvimento, sempre dando passos atrás em suas escolhas. O que mais decepciona é a falta de seriedade em se tratar a personagem, seu clamor por independência, muitas vezes, ainda aqui era intercalado com estes alívios cômicos.

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Se o desenvolvimento de Libby prejudicou-se com essa inconstância, a Betty de Annaleigh Ashford foi entregue por completo a este limbo. Ali, porém, entregue ao lado mais cômico de Masters of Sex, ela conquistou o público, disso não há dúvidas. Por isso mesmo destoa, de maneira chocante, a perda irremediável que a personagem sofre no decorrer da temporada. Mas vejam, justamente quando se tinha a oportunidade de trabalhar a dramaticidade plena dela, se dá lugar ao alívio cômico, com ela sequer dando as caras nos episódios finais da temporada. Assim, o mais doído desse encerramento abrupto da série foi, certamente, Betty e a batalha por sua família terminar de forma inconclusiva.

Portanto, no saldo final, Masters of Sex, como série, parece sintetizar-se na inconstante personagem que foi a Virginia Johnson de Lizzy Caplan (Truque de Mestre: O Segundo Ato). Porque se a narrativa poucas vezes atuou em seu favor, a personagem também não retribuiu favores a narrativa. Aí pesou a mão dos roteiristas, que uma vez mais encaminhavam a personagem a se tornar responsável por outra desgraça em suas relações.

Lizzy Caplan, no entanto, pode ser colocada como o melhor advento da série. Não era fácil imaginar que seria ela dona de uma postura dramática mais forte dentro de Masters of Sex, mas foi exatamente o que aconteceu. Uma pena que os roteiros da série não tenham se dado ao direito de aprofundar a melancolia que sempre se quis fazer presente. Em comparação com a temática, é como se Masters of Sex entendesse a importância da revolução sexual, mas não soubesse, quem sabe sequer quisesse, que realmente acontecesse, que realmente se desenvolvesse.

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