Nasce Uma Estrela (A Star is Born, 2018); Direção: Bradley Cooper; Roteiro: Eric Roth e Bradley Cooper & Will Fetters; Elenco: Bradley Cooper, Lady Gaga, Andrew Dice Clay, Dave Chappelle, Sam Elliott; Duração: 136 minutos; Gênero: Drama, Musical, Romance; Produção: Bill Gerber, Jon Peters, Bradley Cooper, Todd Phillips, Lynette Howell Taylor; País: Estados Unidos; Distribuição: Warner Bros. Pictures; Estreia no Brasil: 11 de Outubro de 2018;

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(Divulgação: Warner Bros. Pictures)

Demorou para a refilmagem de “Nasce uma Estrela” enfim sair do papel. Primeiro nas mãos de Clint Eastwood, tendo como protagonista a cantora Beyoncé. Acabou não vingando, Eastwood abandonou o projeto que ficou nas mãos do ator Bradley Cooper, fazendo sua estréia como diretor. O protagonismo ficou para Lady Gaga, cantora pop bastante consagrada, porém, tida como pouco promissora como atriz. Havia muitas dúvidas entorno do longa, confesso que não fiquei animado ao saber que Cooper seria diretor e Gaga sua musa. Melhor assim, pois a melhor surpresa é aquela da falta de expectativa.

A estória é simples: a artista desconhecida Ally (Lady Gaga) é descoberta pelo popular cantor Jackson Maine (Bradley Cooper). Ela ascende no ramo da música ao mesmo tempo que ele decai frente ao alcoolismo e vício em drogas. A relação dos dois então começa a declinar junto, fazendo a então estrela Ally ter que, cada vez mais, escolher entre seu sonho e sua relação.

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(Divulgação: Warner Bros. Pictures/Peter Lindbergh)

Maior mérito desse remake é saber aonde quer chegar.  Em dado momento, certo personagem profere: “…É sempre a mesma estória, contada várias e várias vezes. A gente sabe como vai acabar, mas ainda assim quer vê-la”.

Exatamente isso sintetiza o filme, que não tenta ir além de sua fórmula. Ao contrário, usa de todos seus elementos mitológicos pré-estabelecidos em seu universo para desenvolve-los, amplia-los e aderindo conceitos modernos para assim inserir também um tom genuíno. Tanto Cooper quanto Gaga detém uma química visível dentro de cena, conquistando fácil empatia do espectador.

Se havia dúvidas se Gaga conseguiria ter competência para segurar o protagonismo de um longa-metragem, elas acabaram. O preconceito com cantoras estreando como atriz deve ser enterrado, pois o desempenho de Gaga é extremamente visceral. A, também atriz, consegue a proeza de sumir dentro de sua personagem, não se enxerga mais Lady Gaga, nos deparamos sim com os dilemas de Ally. É um trabalho amplo de entrega, no qual ela consegue se expressar de diferentes formas, seja no silêncio de seus gestos ou na catarse das cenas cantando. Bradley Cooper tem o melhor desempenho de sua carreira, gerando carisma num personagem com todos os arquétipos repulsivos.

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(Divulgação: Warner Bros. Pictures/Peter Lindbergh)

Talvez o filme derrape na direção convencional, pouco inventiva ao querer construir mais um universo genuíno, menos refém de cenários meramente urbanos. Carece de uma direção de arte mais pomposa, comuns ao gênero. Nada que comprometa o resultado final. “Nasce uma Estrela” alcança seus objetivos e mostra que, realmente, nós ainda nos interessamos por esse eterno embate entre sonhos versus amor. É preciso abdicar de um para ter o outro? Uma pergunta sempre feita. A resposta fica ao espectador.

Nasce Uma Estrela – Trailer Legendado: