[sg_popup id=”9″ event=”onload”][/sg_popup]Lady Bird – A Hora de Voar (Lady Bird, 2017); Direção: Greta Gerwig; Roteiro: Greta Gerwig; Elenco: Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Tracy Letts, Beanie Feldstein, Lucas Hedges, Timothée Chalamet, Odeya Rush, Stephen McKinley Henderson, Lois Smith; Duração: 94 minutos; Gênero: Comédia, Drama; Produção: Scott Rudin, Eli Bush, Evelyn O’Neil; País: Estados Unidos; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 15 de Fevereiro de 2018;

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Greta Gerwig é possivelmente a voz de uma geração, a qual encontra aqui seus traços ressaltados de forma exponencial. A cineasta é mais conhecida por seu trabalho na frente das câmeras, com cativantes atuações em filmes independentes e memoráveis pela naturalidade em que desencadeavam uma identificação com o público que se atrevia a ir atrás de tais produções, na maioria das vezes relegadas a lançamentos limitadíssimos pelas distribuidoras. Mas surgia ali um panorama que delineava o trajeto na carreira de Gerwig, um evidente crescimento que culmina naquilo que nos é entregue em Lady Bird – A Hora de Voar (Lady Bird).

É interessante, portanto, notar a sequência de projetos que envolvem o nome da cineasta, mas existem ali em sua filmografia algumas específicas obras que se destacam. Nem parece haver 3 anos de diferença entre Frances Ha e Mistress America, respectivamente lançados em 2012 e 2015 e ambos co-roteirizados por Gerwig e seu marido, Noah Baumbach. Os principais créditos de sua carreira até então foram seguidos, de maneira subsequente, por dois trabalhos excepcionais em frente das câmeras. Com Jackie e Mulheres do Século 20 (20th Century Women), ambos lançados em 2016, se demonstrava sua versatilidade como atriz. Todas estas, obras que parecem influenciar, de alguma forma, diretamente no voo solo de Greta Gerwig como roteirista e diretora.

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Lady Bird é um filme cuja maturidade é tão plena que se faz capaz de englobar essas diferentes faixas etárias de seus personagens e as tornar igualmente relacionáveis. Tudo a partir de uma perspectiva feminina, que dá às crônicas adolescentes da personagem título ares de novidade. Residindo aí, então, as raízes do que tornam o filme uma obra tão especial. Se pode questionar à vontade a originalidade do roteiro, pois as tentativas de colocar em xeque sua validade serão sempre em vão. O recorte que Greta Gerwig faz é pessoal e recheado de uma sensibilidade que dão um tom universal a seus personagens e suas histórias.

Há uma funcionalidade inquestionável no filme e Greta Gerwig é completamente objetiva ao capturar a essência do que os personagens do mundo que estabelece aqui possuem. Ainda assim, é algo tão acolhedor e caloroso que impera a vontade de que o filme se alongue muito além de seus apenas 94 minutos. Tempo o suficiente para fazer da família McPherson uma catarse tamanha na vida do próprio espectador, dada a amplitude da escrita que aqui encontramos. A vivacidade do roteiro é exacerbante e acontece em suas mais diversas formas, fazendo deste um filme completo pelo olhar que lança sobre o status quo.

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A inconsequência da rebeldia até comedida de Lady Bird e seus colegas se vê em choque no personagem de seu irmão e sua namorada -Miguel (Jordan Rodrigues) e Shelly (Marielle Scott)-, e ligeiramente contraposta na imagem de seus pais, vividos por Laurie Metcalf e Tracy Letts. Aqui é brilhante o trabalho que emprega Greta Gerwig, pois um dos maiores trunfos de seu filme é justamente a qualidade conjunta que ela consegue fazer com que seu elenco imprima. Mesmo os coadjuvantes de participação mais limitada conseguem se fazer marcantes, especialmente Stephen Henderson, com duas cenas soberbas, assim como Lois Smith, que não fica muito atrás, apesar de possuir muito maior leveza em sua personagem.

Do elenco mais jovem a competência plena é até surpreendente em se tratando de filmes com temática adolescente, mas a maioria aqui são de nomes que se consolidaram na indústria nestes últimos dois anos. O maior destaque dentre esses nomes, porém, é certamente Beanie Feldstein. Até porque a personagem da atriz tem um arco dramático mais central ao filme, assim se vendo mais facilitado o trabalho dela, entretanto não é, nem de perto, fácil corresponder à altura, algo que Beanie faz com muita segurança. O resultado é uma amizade com a protagonista que colabora organicamente com essa faceta carismática e emocional do filme.

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Tracy Letts se faz, de certa maneira, uma ponte para a compreensão da relação entre mãe e filha, que é o ponto alto do filme. Mas vale reconhecer a sutileza da atuação de Letts e como Greta Gerwig tira proveito disso. É assombroso o retrato construído em alguns momentos, refletindo a decadência pela qual o personagem passa. Prova de como a cineasta se atenta aos detalhes e compreende como desenvolver e construir os personagens de sua narrativa de maneira rica e efetivamente poderosa. O que se vê extremamente potencializado nas duas figuras centrais do filme, interpretadas por Saoirse Ronan e Laurie Metcalf.

Um trio que consegue estabelecer uma relação tão tocante e sensível que é impossível se fazer desigual frente ao trabalho das duas atrizes em conjunto com Greta Gerwig. Os três principais nomes, que aqui reproduzem uma relação passionalmente encantadora, em que mãe e filha são extremos que se completam e transbordam na tela com atuações de tal delicadeza que nos sentimos pessoalmente envolvidos e cuja investimento emocional compensa numa conclusão que transcende gerações e unifica esses polos de forma singular. Lady Bird – A Hora de Voar nos transporta para junto desses personagens e, mais do que qualquer coisa, se faz suficiente. Suficiente em todas as maneiras possíveis.

Lady Bird – A Hora de Voar – Trailer Legendado:

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