O filme é muito efetivo em apresentar o contexto político pré golpe focado no movimento estudantil. A partir do momento em que os reitores “de esquerda” são deliberadamente substituídos por outras pessoas, os estudante percebem que existem algo errado e uma resistência surge para tentar impedir os retrocessos. Concomitantemente, acompanhamos a história de amor de Ana e Lito. Mesmo que estejam em partidos diferentes, eles mantêm uma paixão muito forte e, juntos começam a lutar contra as dificuldades que o período impõe.
A narrativa é construída com uma mistura sensorial de música, fatos históricos e romance, divido em três atos. No primeiro temos o início das tensões políticas e o início da relação Ana e Lito; no segundo, o estreitamento do amor e no terceiro, as consequências do golpe. A despeito do roteiro estar bem estruturado, criando o clímax e resolvendo os pontos que se propõe a discutir, a montagem é um tanto quanto confusa, tendo em vista que não estabelece um padrão, beirando a prolixidade. Ademais, os 120 minutos de projeção poderiam ser reduzidos para 100, no máximo. E isso fica claro quanto o filme parece que vai terminar umas 4 vezes.
Problemas à parte, não tem como negar a importância de Sinfonia Para Ana e a forma como resgata tempos que não devem ser esquecidos. Com efeito, já tivemos diversas produções sobre o tema, porém, nunca será demais. Sempre haverá uma maneira diferente de abordar o assunto. O mais importante, por fim, é que tenhamos em mente que estamos em um momento muito semelhante ao retratado na fita. E o pior é que continuamos achando que não há possibilidade de uma nova ditadura surgir.