A Visita (The Visit); Direção: M. Night. Shyamalan; Roteiro: M. Night. Shyamalan; Elenco: Olivia DeJonge, Ed Oxenbould, Deanna Dunagan, Peter McRobbie e Kathryn Hahn; Produção: Jason Blum, Marc Bienstock e M. Night Shyamalan; Gênero: Terror; Estreia Mundial: 11 de Setembro de 2015; Estreia no Brasil: 26 de Novembro de 2015; Duração: 94 minutos; Classificação Indicativa: 12 Anos;
M. Night. Shyamalan, depois de estourar com “O Sexto Sentido”, “Corpo Fechado” e “Sinais”, até que tentou, em mais algumas produções, repetir seu sucesso. Em “A Vila”, apesar de alguns probleminhas, tinha-se um bom filme. Assistindo “A Dama da Água”, também pode-se chegar a uma conclusão parecida. Em suma, apesar de não ter o mesmo brilhantismo de início de carreira, o diretor ainda estava entregando longas aceitáveis, dignos de alguma menção e lembrança (algo que acontece recorrentemente). Porém, a partir de “O Fim dos Tempos”, parece que o jogo começou a virar e lançamento após lançamento, parecia que a situação ia ficando pior. Talvez o ápice foi com o “Depois da Terra”, que nem Will Smith como protagonista, conseguiu salvar. Eis que, agora, voltando pra veia do suspense e do terror, Shyamalan lança A Visita que, de fato, é a melhor coisa feita por ele nos últimos anos, mas que, mesmo assim, está bem longe do que sabemos (ou achamos que sabemos) que ele é capaz.
Na fita acompanhamos Becca (Olivia DeJonge) em sua empreitada para fazer um documentário (mais um found footage – duh), com o objetivo de tentar ajudar sua mãe (Kathryn Hahn) a reatar o contato com os avôs da garota. Logo no início da projeção, percebemos que ocorreu algo grave que estremeceu as relações da família, mas a protagonista não sabe os motivos. Até que a mãe decide fazer uma viagem com o namorado, e Becca, junto com seu irmão Tyler (Ed Oxenbould), vai passar uma semana na casa dos progenitores. Em uma fazenda isolada de tudo e de todos, com uma conexão de internet ruim, não há muito o que fazer, então ela insiste no documentário, filmando todos os momentos, também com o objetivo de entender o que aconteceu. Em princípio, a vovó (Deanna Dunagan) e o vovô (Peter McRobbie), parecem ser um casal de idosos simpáticos e amorosos. Entretanto, coisas estranhas começam a acontecer e o que era para ser uma visita inocente de netos, acaba virando um grande pesadelo.
Só pela leitura da sinopse já dá para se ter uma noção de que não se trata de nada complexo, quiça original. É o velho clichê de ida para um lugar diferente em que bizarrices ocorrem. Contudo, é interessante ver Shyamalan filmando em um estilo que nunca o vimos utilizar antes, que é o found footage. Sim, eu sei que já está bastante batido, mas, de fato, o diretor utiliza muito bem ao seu favor esse artificio narrativo: o ritmo fica fluido e as cenas de tensão funcionam, em sua maioria. A fotografia de Maryse Alberti é bastante condizente com a atmosfera e corrobora com clima criado. Aliás, é interessante notar que, para explicar o fato de a paleta de cores do filme ser bastante variada, indo na contramão dos outros mockumentaries – que geralmente usam um padrão -, Becca é apresentada como estudante de cinema, logo ela saberia os mecanismos e os ajustes para obter não só o melhor enquadramento, como também a melhor luz, etc.
Todavia, o grande problema e, por consequência, o que estraga o filme é o roteiro. Shyamalan fica tão preocupado em construir um clímax para apresentar um plot twist (bem previsível por sinal), que os personagens ficam rasos, provavelmente para que não fique na cara a reviravolta que ocorre no fim – obviamente, não vou contar. Ademais, o enredo não faz muito sentido, visto que a mãe não fala com os pais há mais de 15 anos e, do nada, decide mandar os filhos para passar uma temporada com os avós. É claro que vai dar treta. E aparentemente, não existem fotos no universo do longa. Quando você assistir e souber do final, vai entender o que eu sou falando.
A Visita, por fim, é o melhor filme de Shyamalan desde A Dama na Água. Tem um clima que consegue envolver o espectador em boa parte da projeção, tem uma fotografia linda e muito bem utilizada, contudo, falha na forma como constrói a narrativa e o roteiro. A despeito de ser animador ver Shyamalan novamente acertando na direção e na técnica do filme, é frustrante perceber que o mesmo roteirista que criou momentos icônicos como o do “i see dead people” em “O Sexto Sentido”, mal consegue fazer com que nos preocupemos com o destino dos protagonistas em A Visita. Enfim, é um longa bem esquecível.
A Visita – TRAILER LEGENDADO