Sing – Quem Canta Seus Males Espanta (Sing, 2016); Direção: Garth Jennings, Christophe Lourdelet; Roteiro: Garth Jennings; Elenco: Sandy, Wanessa Camargo, Fiuk, Mariana Ximenes, Marcelo Serrado; Duração: 110 minutos; Gênero: Animação, Comédia, Família; Produção: Chris Meledandri, Janet Healy; Distribuição: Universal Pictures; País de Origem: EUA; Estreia no Brasil: 22 de Dezembro de 2016;
Confira a crítica em vídeo de Márcio Picoli, clicando no player acima! Aproveite e clique aqui para conhecer o nosso canal do YouTube.
É inegável que a Illumination Entertainment se estabeleceu como um dos maiores estúdios de animação da atualidade, se não em aprovação da crítica, então do público. Não à toa Minions detém a segunda maior bilheteria de uma animação na história. Muito desse sucesso está em agir de maneira mercadologicamente ampla, agradando a massa ao invés de um nicho.
Mas se em Pets – A Vida Secreta dos Bichos, uma das maiores bilheterias do ano, o que conquistava era o carisma dos personagens, ainda mais quando se encarava uma versão legendada, com nomes de grandes talentos como dubladores, Sing – Quem Canta Seus Males Espanta nem isso tem a seu favor.
Até a dublagem, que se não incomodava em Pets, aqui se faz um elemento a ser devidamente repensado. Não é só o fato de termos Sandy, Wanessa Camargo ou Fiuk como dubladores, cantores que são tomados por atores de vozes aqui sem necessidade, afinal, apenas uma única canção é traduzida para o português, e parece pouco importar se há semelhança entre as vozes de quem dubla com quem canta.
Ainda assim, nem é esse o principal problema, a dublagem em si é bastante inferior ao que estamos acostumados. A qualidade de áudio faz valer sua diferença quando temos as cenas dubladas para português, as canções em si e rápidos inserts de efeitos nas vozes, dos quais o estúdio optou por não dublar.
Mas o que surpreende negativamente em Sing é como não podemos, de maneira alguma, classificar a animação como um musical ou sequer a variante de um. Não que o filme faça questão de se assumir como tal, mas também não faz questão de aceitar que não é.
Algo que só almeja, com muito mais força, mais adiante em seu clímax. Até lá o que temos não passa de uma colagem de músicas populares, a maioria das vezes em efêmeros trechos, que não exatamente dão uma razão de estarem presentes no filme, além das óbvias sequências em que as músicas têm o papel de sintetizar trechos da uma fraca narrativa.
Contudo, ao invés de se mostrar algo inventivo e exibir qualquer funcionalidade, tais sequências somente especificam estereótipos e facilitam a utilização de clichês como remendos de uma narrativa que, na verdade, lida com mais do que aquilo que realmente é capaz.
E aqui não se trata de incompetência do roteirista ou algo assim, mas na ambição que é grande demais até mesmo para um filme que, mais do que qualquer coisa, quer fazer dinheiro. Porque o problema não está no roteiro em si -não que se salve- mas na quantidade de personagens com os quais há a intenção de lidar com.
Aqui imaginemos um programa de competição musical. Não é um programa de uma hora de duração que fará nos apegarmos ou torcermos a um competidor. Pode ocorrer uma empatia imediata, mas precisaremos que ela seja continuamente alimentada para que fiquemos na torcida. Agora imaginemos Sing.
Não temos somente um único competidor na animação, e nenhum deles é o foco específico. Diversas histórias paralelas, que requerem o desenvolvimento de todos os personagens de igual maneira para funcionar. Isso num filme com menos de duas horas. Algo que, portanto, se mostra completamente impossível de acontecer desde os primeiros momentos de Sing.
Aí não é que destoe por completo, mas o momento que precede o clímax tem um Buster Moon, na versão original dublada por Matthew McConaughey, na sequência mais hilária da animação. E autêntica, mas funcionando num nível de nonsense e detentora de um despudor que injeta novo fôlego a um insosso filme.
O resultado, porém, é uma animação que, de fato e sem trocadilhos, não possuí voz própria. Recorrendo a generalizações para facilitar tramas inchadas, Sing – Quem Canta Seus Males Espanta começa com pouco e termina com ainda menos sendo resolvido. Decepciona ainda mais quando, em muitos momentos, se assemelha mais a uma animação B feita direto para home-video. Sucesso a Illumination tem, falta agora o estúdio correr atrás do prestígio ao qual tanto aspira, e que já demonstrou ter potencial para alcançar.
Trailer Legendado:
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