Direção: Marcos Jorge

Roteiro: Marcos Jorge

Elenco: Joaquim de Almeida, José Wilker, Claudia Raia, Patrícia Pilar, Tainá Müller

Estreia Nacional: 19 de Março de 2015

Gênero: Comédia/Drama

Duração: 109 minutos

Classificação Indicativa: 12 anos

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Jorge Amado tem um importância inquestionável na literatura brasileira. Sua bibliografia atravessa por diversos campos temáticos, desde o romance social e engajado da sua primeira fase com livros importantes como “Capitães de Areia” e “O País do Carnaval”, até as suas crônicas de costumes em sua 4ª e último momento, tendo o seu ápice com “Gabriela, Cravo e Canela“, “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “Tieta do Agreste”. O Duelo, por sua vez, adapta uma obra menos conhecida (e não menos importante) de Amado. Os Velhos Marinheiros ou O Capitão de Longo-Curso tem todas as características da realidade social que o autor se debruça em suas derradeiras produções, porém no que tange aos personagens e à narrativa, o autor busca uma maior ironia e até dela se utiliza para fazer críticas às aparências. Quando chegamos ao filme, percebemos, evidentemente, algumas mudanças. Ainda que a essência do livro esteja presente durante a projeção, a adaptação é muito pobre tanto do ponto de vista da construção cinematográfica, quando da criação de um suspense com o intuito de revelar qual dos dois lados está com a razão.

O filme aborda a chegada do Capitão de Longo Curso Vasco Moscoso de Aragão à cidade de Periperi no litoral da Bahia. Suas histórias e experiências pelos sete mares logo caem nas graças do povo e ele vira uma sensação por toda a redondeza. Todo esse sucesso, é claro, acaba por gerar uma inveja básica em Chico (José Wilker) que antes do aparecimento do Capitão era quem contava as peripécias em suas viagens. A película inteira, então (como podemos sentir pelo nome), se baseia nessa disputa de ego entre Aragão e Chico. Um vai contar uma história e outro vai tentar desmentí-la. O enredo, de cara, parece ser muito interessante, pois ambas as histórias fazem sentido ao ponto de realmente ficarmos na dúvida, em alguns momentos. A forma como isso é feito, entretanto, deixa muito a desejar.

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Flashbacks, Flashbacks e mais Flashbacks das tramas criadas ou não pelos protagonistas, sem nenhuma efetiva evolução no enredo, quiça um enfrentamento efetivo entre as parte conflitantes. Sim, chega a ser engraçado que um filme cujo nome é Duelo, não tenha um duelo propriamente dito. Quando me refiro a isso, não estou falando em briga com socos ou chutes, mas sim de discussão. Ficamos ouvindo “blá blá blá” dos dois lados, mas nenhum vai tirar satisfação com o outro. O resultado disso é a frustração de não ter uma resposta mas concreta sobre o que de fato aconteceu e vou parar por aqui, pois não dou spoilers.

Em termos de realização e de produção cinematográfica, contudo, a fita é um show à parte. Os efeitos especiais estão dignos de Hollywood: as recriações do barco, do mar e das próprias transições entre as cenas pouco perdem para o nível de excelência que encontramos no cinema norte americano. Os figurinos também são muito bem desenhados e aplicados. A única ressalva que eu faço em relação ao design de produção são para os cenários de novela das seis da globo. Sério, chega a ser vergonhoso uma produção dessas usar aqueles sets terríveis. As cenas da cidade de Periperi parece terem sido gravadas no Projac, só faltou a fita crepe colando uma casa na outra.

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Como balanço final, o Duelo mais gera sono do que empolgação. Não há um grande momento, não há grandes atuações, muito menos algo que vá me fazer lembrar de sua existência. Que dá pena ver uma obra de Jorge Amado tão mal aproveita assim; dá, mas, pelo menos, temos grandes adaptações de outras histórias do autor para ajudar na digestão desta última.

TRAILER

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