Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo (Mamma Mia! Here We Go Again, 2018); Direção: Ol Parker; Roteiro: Ol Parker; Elenco: Lily James, Amanda Seyfried, Colin Firth, Stellan Skarsgård, Christine Baranski, Pierce Brosnan, Dominic Cooper, Andy García, Julie Walters, Cher, Meryl Streep, Jeremy Irvine, Hugh Skinner, Josh Dylan, Jessica Keenan Wynn, Alexa Davies; Duração: 114 minutos; Gênero: Comédia, Drama, Musical, Romance; Produção: Judy Craymer, Gary Goetzman; País: Estados Unidos, Reino Unido; Distribuição: Universal Pictures; Estreia no Brasil: 02 de Agosto de 2018;
Dado o sucesso comercial de Mamma Mia!, chega a ser surpreendente sua sequência tornar-se realidade apenas uma década depois.
Mas também é apenas adequado que Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo chegue aos cinemas justamente num ano em que grande parte das maiores bilheterias mundiais sejam continuações.
Continuidade é, aliás, algo trabalhado em partes aqui. Sai Phyllida Lloyd, entra Ol Parker na direção – ele mais conhecido pelos roteiros de ambos Exóticos Hotel Marigold.
Junto dele, chegam Lily James (O Destino de Uma Nação, Em Ritmo de Fuga) e uma tríade de “galãs”, no que culmina em um filme que é misto de sequência e prólogo aos eventos do original.
Algumas informações do original também são deixadas de lado, e de maneira bastante eficiente. Afinal, esta continuação é bastante ciente de si própria.
Ou seja, assume mais claramente muito de seus clichês e abraça seus momentos cafonas quando precisa, abrindo mão de qualquer receio em ser aceito.
Soa, portanto, muito mais orgânico que seu predecessor e parece dar um fôlego extra ao musical, que não possui, exatamente, uma trama tão elaborada a ponto de se sustentar sem essas assunções.
Assim, garante no mínimo uma experiência divertida, capaz de esboçar de simpáticos sorrisos a momentos hilários, onde nos vemos incapazes de se conter.
Sem esquecer, obviamente, a incontrolável vontade de cantarolar junto às releituras das músicas do ABBA.
Narrativamente, Mamma Mia! segue sendo simplório, porém, ao mesmo tempo isso o torna mais seguro quanto ao caminho que opta por trilhar.
É ruim, no entanto, pela maneira como isso se reflete no filme como um todo. Porque o trabalho de Ol Parker na direção é igualmente simples, empregando nada além do básico.
É seguida uma cartilha à risca e, enquanto as sequências musicais são mais orgânicas ao filme e passam a ser mais naturais que no primeiro filme, não há nada ali que realmente vá impressionar ou encantar.
Não que não sejam boas, todavia as coreografias e a própria direção em si apenas não saem do lugar comum. Assim, a grande aposta do filme recaí no fator emocional. Para isso recompensar plenamente, entretanto, seria preciso que todas suas partes desempenhassem o que era esperado.
Enquanto Lily James encanta com sua cantoria e esbanja carisma, destoa completamente quando justaposta a seus três interesses românticos e possíveis pais de Sophie.
O que desfavorece é que, enquanto o caricato jovem Harry de Hugh Skinner (Fleabag) funciona e o aventureiro jovem Bill de Josh Dylan conquista, o jovem Sam de Jeremy Irvine é um completo porre, vivido por um ator cuja alarde da carreira nunca teve talento algum para corresponder.
Portanto, o romance central à narrativa sequer possuí força o suficiente para que o filme possa nele se escorar. Assim como se vê refletido no papel dado ao personagem de Pierce Brosnan aqui. Tanto sua versão jovem como a “presente”, comovem tanto quanto uma pedra é capaz.
O que funciona, entretanto, é o paralelo entre as personagens de Lily James e Amanda Seyfried, e é aqui que o filme carrega toda sua verdadeira força emocional, reservando uma sequência com ambas as personagens que é, talvez, o grande momento de Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo.
Contudo, o que mais se destaca durante todo o filme e é realmente impressionante, é o trabalho de Michele Clapton, figurinista de “Game of Thrones” e “The Crown” -e 4 vezes vencedora do Emmy pelas duas produções.
De forma alguma é demérito do filme, mas de fato o que chama atenção sequência após sequência é o esmero nos figurinos que os personagens ostentam em cena. É um deleite aos olhos e, inusitadamente, um elemento ao qual o filme não faz jus.
Mesmo assim, Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo é uma dessas continuações que consegue ser superior ao original. Diverte e emociona em grandes proporções e, acima de tudo, entretém. Justamente o que se propõe a fazer.
É bem verdade que poderia se sair melhor em diversos quesitos, mas faz o suficiente e ainda reserva algumas belas surpresas -ainda que uma delas de tão aguardada no fim possa ser considerada uma ligeira decepção.
Se sobressaí, no fim, uma sensação de união e família. É uma pena que não se interesse tanto em desafiar personagens e seus intérpretes, no entanto, também nunca se propôs a isso.
Um filme que decepciona somente por se contentar àquilo que pensa ser suas limitações.
Obs.: o filme tem uma cena pós-créditos. Apesar de hilária, não é relevante à trama, fica a escolha de esperar ou não por algumas das gargalhadas mais autênticas que o filme proporciona.