Crítica | Liga da Justiça

Liga da Justiça (Justice League, 2017); Direção: Zack Snyder; Roteiro: Chris Terrio e Joss Whedon; Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Gal Gadot, Ezra Miller, Jason Momoa, Ray Fisher, Jeremy Irons, Diane Lane, Connie Nielsen, J. K. Simmons, Ciarán Hinds; Duração: 120 minutos; Gênero: Ação, Aventura; Produção: Charles Roven, Deborah Snyder, Jon Berg, Geoff Johns; País: Estados Unidos; Distribuição: Warner Bros. Pictures; Estreia no Brasil: 15 de Novembro de 2017;

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Muita expectativa girava em torno de Liga da Justiça (Justice League) e geralmente não se era algo positivo. Para o público nascido a partir da década de 90, mesmo que não muito fãs de quadrinhos, certamente se tinha como a principal referência do grupo da editora DC o desenho animado, exibido durante as manhãs pelo SBT no Brasil. Funcionando em duas fases, Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem Limites, a animação marcou época, tanto que é fácil ver a comoção causada quando há a mínima menção de elementos dos filmes que remetam a série.

Mas contra a memória afetiva pesam controvérsias e nomes que polarizam a internet, numa jornada cheia de irregularidades e um estúdio que transmite apenas insegurança ao seu público, ao menos aos que acompanham o noticiário relacionado. Apesar do sucesso de bilheteria, não o suficiente para satisfazer seus custos, Batman vs Superman: A Origem da Justiça foi cruel com seu público, de forma alguma se apresentando um filme receptivo ao espectador, o que obviamente gerou mudanças no desastroso Esquadrão Suicida e, no efeito cascata, em Mulher-Maravilha, filme mais aceito desde então. Tudo isso é importante porque vemos afetar diretamente a Liga da Justiça, que apresenta demasiados defeitos enquanto tenta apenas entreter.

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É fácil se ater a especulações e tentar adivinhar o que se deixou na sala de edição e o que entrou após refilmagens, comandadas por Joss Whedon quando Zack Snyder precisou se afastar por problemas pessoais. A verdade é que há mudanças vitais em relação ao filme anterior de Snyder, sendo a ausência de seu tom melancólico e mais sombrio empregado nos personagens a principal dessas. O que é um tanto controverso. Isso porque uma tecla em que se bate desde Homem de Aço é como o Superman de Henry Cavill representa a esperança, e era óbvio que em algum momento se faria desanuviar o personagem.

O que possivelmente ocorreria aqui, mas não é condizente com o que vemos. Parece que a urgência em alterar o estado de humor das coisas interfere diretamente no desenvolvimento das mesmas. Após os eventos de Batman vs Superman, impera sobre o mundo o medo, com isso a chegada dos parademônios, que se alimentam do sentimento, mas não é esta a única relação. A ausência de Superman também causa uma crescente xenofobia, como nos créditos iniciais que imprimem o melhor que Zack Snyder sabe fazer. Mas essa reflexão do contemporâneo e tudo que se tenta estabelecer nesse início é completamente em vão.

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Há a tentativa de implementar um tom mais alegre e otimista, mas feito através da descontração de alívios cômicos. É verdade que muitas das piadas funcionam e fazem rir, especialmente com o Flash de Ezra Miller (Animais Fantásticos e Onde Habitam), que se mostra a melhor adição ao Universo da DC nos cinemas. Mas custa caro aos outros. O Aquaman de Jason Momoa está longe de ser decepcionante e, apesar de ter aqui um humor diferente sendo trabalhado -o que rende uma cena confessional hilária-, por não ter sido desenvolvido anteriormente culmina em momentos nos quais não é possível o filme sustentar o personagem, que soa forçado. Já Ciborgue, praticamente um Deus Ex Machina na narrativa, vive às custas do carisma de Ray Fisher, mas não é o suficiente para convencer.

O Batman/Bruce Wayne de Ben Affleck é quem mais sofre com a mudança de tom. Fora a ideia de idade mais avançada do vigilante para o que se requer dele, o que é inclusive tema de um diálogo durante o filme, muito do que havia se estabelecido anteriormente, em relação as atitudes do personagem, é deixado de lado. O humor mais animado é praticamente obrigatório, o desespero em amenizar, porém, falha com a culpabilidade que se quer explorar no personagem, que carrega consigo mesmo o fardo da morte do Superman. Assim, ator e personagem acabam como meros coadjuvantes e rendem momentos constrangedores, a exemplo do principal destes, quando Batman é lançado longe como um peso de papel qualquer e somos brindados com uma reação do mesmo em um plano ridiculamente mal feito.

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A mudança, porém, condiz muito com o que foi estabelecido para a Mulher-Maravilha de Gal Gadot. Contudo, seu discurso otimista também não deixa a personagem isenta de momentos constrangedores, em piadas que são simplesmente infantis ou misóginas, numa repetição de “gag” adorada por Joss Whedon. Não reservado apenas a esta cena, é algo que também fica evidente na sequência em Themyscira e ao longo do filme, assim como a hipersexulização que objetifica a personagem, o que se torna ainda mais notável após a termos visto retratada através dos olhos de uma mulher, com Patty Jenkins no controle.

Assim, Liga da Justiça é o resultado de um filme refém da volatilidade das repostas de mercado, mas na apreensão equivocada dos acertos, assim como de sua aplicação, onde os realizadores -seja estúdio, executivos ou diretores- não aprendem com os próprios erros. Só funciona de forma ligeiramente coesa porque a simplicidade da narrativa é tanta que errar se faria uma tarefa ainda mais árdua. Decepciona porque a reunião dos heróis é baseada numa ameaça fajuta como a que representa O Lobo da Estepe, ainda que no discurso do personagem se queira fazer parecer diferente. Não é, e a falta de gravidade da ameaça se vê refletida na ausência de catarse quando do embate final. A emoção que se verá empregada ali partirá muito mais do público, baseado em suas memórias individuais, e não na tentativa de imposição de temas apelando a nostalgia coletiva -numa composição preguiçosa de Danny Elfman– ou naquilo construído ao longo de irregulares duas horas.

Liga da Justiça – Trailer Legendado:

Crítica | Liga da Justiça

Liga da Justiça (Justice League, 2017); Direção: Zack Snyder; Roteiro: Chris Terrio e Joss Whedon; Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Gal Gadot, Ezra

Direção (de quem eu não sei)
Roteiro
Elenco
Fotografia
Edição
Summary
44 %
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4 Comments

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