Direção: John Lee Hancock
Roteiro: Kelly Marcel e Sue Smith
Elenco: Emma Thompson, Tom Hanks, Paul Giamatti, Jason Schwartzman, Bradley Whitford, Annie Rose Buckley, Ruth Wilson, B.J. Novak, Rachel Griffiths, Kathy Baker e Colin Farrell
Produção: Alison Owen, Ian Collie, Philip Steuer
Estreia Mundial: 20 de Dezembro de 2013
Estreia no Brasil: 07 de março de 2014
Gênero: Drama
Tempo de duração: 120 min
Walt Nos Bastidores de Mary Poppins é extremamente empolgante e divertido de acompanhar, é mais um ótimo filme para se juntar à leva de produções que nos levam para trás das câmeras de grandes sucessos hollywoodianos
Que Walt era um visionário ninguém tem dúvida. Afinal, ter coragem para investir quase todo o dinheiro da empresa em um longa de animação na década de 30, acreditando que seria um enorme sucesso já é uma prova inevitável da sua competência. Devido ao estouro de Branca de Neve e os Sete Anões (que continua, até hoje, como um dos ícones da animação) e ao de suas seguintes produções, ele conseguiu se estabelecer em Hollywood. Em Walt nos Bastidores de Mary Poppins, o acompanhamos em seu auge. Ele já tem seu império consolidado, mas nesse momento precisa mostrar, também, o quanto persuasivo e insistente ele deveria ser. Insistência, sem a qual, não teríamos sido presenteados com um dos musicais mais queridos e amados de todos os tempos.
Após 20 anos tentando adquirir os direitos para levar o livro Mary Poppins às telas do cinema, Walt Disney (Tom Hanks de Filadélfia e Forrest Gump) consegue fazer com que Sr. Travers (Emma Thompson de Nanny McPhee), a autora do romance, venha acompanhar o processo de criação. No entanto, ela acaba vetando quase todas as ideias que já haviam sido criadas para a produção, fazendo com que Disney e seus criadores tenham de se adaptar às suas exigências, uma vez que os direitos autorais ainda estão sob propriedade da escritora.
Junto com a história principal, vamos acompanhando a difícil juventude de P.L Travers. Ela teve de lidar com um pai (aqui vivido por Colin Farrell de Minority Report e O Vingador do Futuro) alcoólatra e sonhador que acabou por deixar traumas que ainda a assombram depois de tanto tempo. Com isso vamos percebendo e até entendendo o motivo da autora, durante os bastidores da produção, ser tão amarga em relação ao filme Mary Poppins ser feliz e ser musicado, visto que toda sua vida (metaforicamente retratada no livro) era infeliz e vazia. Apesar de funcionar em muitos momentos, pois – através da intercalação entre as duas narrativas – cria-se uma curiosidade para ver como ambas irão se encaixar, o segmento que foca na escritora em sua infância, em alguns momentos, entretanto, acaba caindo, principalmente nas partes finais, em um melodrama desnecessário e até repetitivo.
Em relação aos aspectos técnicos, temos um filme impecável, desde a criação de toda a magia do mundo idealizado por Walt até a excelente trilha sonora de Thomas Newman (Compositor de Wall-E e Um Sonho de Liberdade) que lança mão de algumas notas que muitos fãs não só de Mary Poppins, mas também da Disney não vão deixar de reconhecer. Quem assina a direção da fita é John Lee Hancock que, assim como em seu filme anterior Um Sonho Possível, nos apresenta um direção eficiente, mas que não foge muito do comum. O grande peso do filme está mesmo é nas atuações.
Emma Thompson está espetacular no papel da extremamente metódica e amarga P. L. Travers. Durante o filme a impressão que temos é que ela está caricata e até forçada, mas quando, durante os créditos, escutamos as gravações originais dos comentários da romancista, não há como não querer aplaudir a brilhante atuação da atriz. Tom Hanks no papel de Walt Disney não está tão impressionante (a despeito da caracterização e dos trejeitos estarem muito semelhantes ao original), mas não por culpa da sua atuação já que o filme, na verdade, tem um foco muito maior em Travers e nos irmãos Sherman (B.J. Novak de The Office e Jason Schwartzman de Huckabees – A Vida é Uma Comédia) que foram os responsáveis pela criação musical de Mary Poppins. Além disso, o criador do Mickey é, por vezes, retratado de uma forma muito idealizada, sendo, alguns problemas como o fato de ele ser fumante, por exemplo, serem levemente citados – para não dizer escondidos.
Além de tudo, como fã de Mary Poppins não há como não ficar emocionado ao acompanhar os bastidores – no filme não há nenhuma menção à gravação do filme, tudo se passa dois ou três anos antes das filmagens propriamente ditas. As cenas de criação com os irmãos Sherman são muito deliciosas, divertidas e interessantes. A forma como eles vão ganhando não só a nossa confiança como a de walt e da própria autora (que não queria que o filme fosse um musical) é muito bem construída e ate, de certa forma, realiza o sonho de qualquer cinéfilo de ver como aquele filme que tanto ama saiu do papel e ganhou vida nas telonas.
Walt Nos Bastidores de Mary Poppins é extremamente empolgante e divertido de acompanhar, é mais um ótimo filme para se juntar à leva de produções que nos levam para trás das câmeras de grandes sucessos hollywoodianos (como exemplo de Hitchcock com Anthony Hopkins e Scarlett Johansson). Apesar de uns pequenos deslizes o saldo final é bem positivo, o filme certamente serve de complemento para todo e qualquer fã de Mary Poppins, tanto pelo seu respeito com o musical original, quanto pela oportunidade de, pelo menos, sentir como foi transformar esse sonho de Walt em realidade.
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