Mesmo com a enxurrada de críticas e comentários negativos, junto ao retumbante fracasso de bilheteria nos EUA, minhas expectativas em relação ao longa eram boas, se tratando da estreia do diretor que se consolidou dirigindo a fotografia dos filmes do Christopher Nolan, chegando a alcançar prestígio máximo após ganhar o Oscar de melhor fotografia por A Origem (Incepticon, 2010).

 

Entretanto,  temos novamente um caso onde a expectativa é o primeiro passo para a total frustração. Transcendence- A Revolução é um longa com muitas propostas, uma premissa bastante original e viés críticos pertinentes, porém executados de forma péssima, sendo um filme esquecível da temporada, além de uma oportunidade perdida de termos um diretor revelação.

O Dr Will Caster (Johnny Deep) é um renomado e idealista cientista de uma área tecnológica revolucionária, ao lado de sua mulher Evelyn (Rebeca Hall). Seus avanços científicos e tecnológicos porém atiçam a fúria de um grupo que prega o fim da dependência entre a internet e seus meio e os humanos, fazendo-os atentar contra a vida do cientista, que fica beirando a morte. Sua mulher e seu fiel amigo (Paul Bettany) decidem então testar a “transcendência” transferindo o cérebro e consciência de Will para um supercomputador, o imortalizando.  No início tudo parece dar certo, entretanto aos poucos o ser digital vem a se mostrar com alta fome por poder e influência, sendo intangíveis as ameaças físicas humanas, sendo manipulativo aos que necessitam de ajuda.

A premissa é original e instigante, contudo o desenrolar dos acontecimentos é irregular e não aproveita o potencial real do material. Os debates em torno da relação de dependência entre os meios e o homem, além dos limites da ciência e seus perigos, são retratados de forma muito rala e desinteressante, há uma notória carência de argumentação que consiga se sobressair de forma a induzir o expectador a uma mínima reflexão, ao mesmo tempo em que se diverte com o grande espetáculo visual produzido na tela.

O elenco é desperdiçado de inúmeras formas, temos um Johnny Deep até esforçado a fim de não amargar mais um desastre, infelizmente não há com o que ele se prender, caindo quase numa caricatura. Rebeca Hall sofre também, tem momentos onde consegue mostrar seu potencial como atriz, entretanto estes passam a ser isolados no meio do limbo dramático caricatural. Destaque negativo para o veterano Morgan Freeman, já ganhou o Oscar e mostrou inúmeras vezes sua grandeza como ator, entretanto nos últimos anos está em uma preguiça vegetativa, tendo o mesmo desempenho em praticamente todos seus trabalhos, um desperdício de seu talento e de sua credibilidade.

A direção do estreante é bem visual, estética e grandiosa, lembrando muito seus trabalhos em A Origem e Batman, porém não consegue criar nenhuma atmosfera a envolver o expectador e induzi-lo a embarcar na trama de forma plena, há uma carência de direção mais sólida, se preocupando apenas em um gigantismo visual, entretanto com um nanismo de argumentação, o que nos faz remeter a seu “mestre”, Christopher Nolan, que já conseguiu interligar as duas coisas e construir um universo pra lá de conflituoso e interesse por parte do expectador.

Transcendence- A Revolução serve como um entretenimento de final de semana, mas não vai além disso. É capaz de nem cumprir este objetivo para alguns. É uma pena ver um grupo com tanto potencial ser desperdiçado de tal maneira, infelizmente é mais uma prova da esterilidade do cinema comercial, tendência essa constantemente consolidada.

 

~TRAILER LEGENDADO~

http://www.youtube.com/watch?v=mvs_TgftFME&feature=kp

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