Direção: Alexander Payne
Roteiro: Bob Nelson
Elenco: Bruce Dern, June Squibb, Will Forte
Gênero: Drama
Estreia Mundial: 24 de janeiro de 2013 
Estreia no Brasil: 14 de fevereiro de 2013
Duração: 115 minutos

Em seu novo filme, Alexander Payne deixa de lado o roteiro e apenas dirige, um fato que parece irrelevante, porém que mostra uma vitalidade gigantesca, levando em consideração que seus filmes de mais sucesso Sideways e o recente Os Descendentes eram um tanto monótonos e até entediavam o público. Porém, tédio é algo que passa longe de Nebraska, um longa despretensioso, simples e muito agradável, onde a identificação e simpatia do espectador é um fato quase inevitável.

Woody Grant (Bruce Dern) é um senhor bem senil que não consegue tirar da cabeça que ganhou um milhão de dólares, ele quer ir até Lincoln, em Nebraska, para retirar este prêmio, mesmo com sua mulher Kate (June Squibb) alertando que se trata de uma fraude. Seu filho (Will Forte) decide então embarcar no devaneio do pai, iniciando assim uma jornada que se torna uma interessante oportunidade para sair da rotina, além de ser um momento de proximidade e descoberta entre pai e filho.

O interessante do roteiro do estreante Bob Nelson é sua leveza e simplicidade em abordar temas delicados, dando uma sensibilidade gigantesca, como por exemplo o atrito entre as antigas e futuras gerações, a tentativa – ou seria o grito?- de nossos pais clamarem por atenção dos filhos, durante a maturidade.  Essa inversão de papeis que a vida dá – filhos independentes, pais cada vez mais dependentes.  A argumentação ainda consegue conciliar momentos cômicos agradáveis em contraste com sensíveis passagens que evidenciam a dificuldade de envelhecer, olhar para o passado e tentar o caminho para redenção.

A impecável fotografia em preto-e-branco aumenta a sensação de decadência social, com uma geração de jovens cada vez mais individualistas, teoricamente auto-suficientes e superficiais. A relação entre pais e filhos move o longa, porém de forma sutil e comovente, permitindo a identificação por parte do público aos carismáticos e bens construídos personagens e suas relações entre si.

A direção de Alexander Payne é pra lá de inspirada, conseguindo aproveitar o máximo do roteiro que lhe é dado e inovando no gênero do “road movie”, onde o destino final é justamente o inicial:  A maior busca é em nós mesmos, onde autocrítica e a necessidade de reflexão nos seus atos devem ser essenciais.

O elenco é primoroso, com destaque principal para Bruce Dern, ator que conquistou a palma de Cannes, no ano passado. Bruce consegue finalmente um papel sob os holofotes, onde mostra garra e vitalidade. Em seu olhar desnorteado, vemos um pai profundo, sensível e arrependido, que busca achar finalmente um caminho para a redenção.

O elenco secundário também é competente e não se permite se ofuscar, destacando June Squibb, indicada merecidamente ao Oscar, um tremendo achado de Payne. Squibb quebra o esteriótipo de norte-americano de “mamãe feliz”, mostrando sensibilidade e sendo um dos grandes alívios cômicos do filme. Will Forte foi um tanto que subestimado, porém tem um desempenho expressivo, conseguindo dar personalidade a um personagem que tinha tudo para ser eclipsado pelos gigantescos veteranos.

Nebraska é uma agradável surpresa nessa temporada de prêmios, sendo uma película muito bem intencionado, no qual o ser humano é posto em evidência e, apesar do pessimismo, nos mostra que as futuras gerações ainda podem nos surpreender. Um longa onde o saudosismo e a redenção caminham juntamente, com a forte participação do expectador que percebe o quão natural a vida pode ser, assim como no filme.

~TRAILER LEGENDADO~

http://www.youtube.com/watch?v=6oDqB15PjBY

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