Jackie (2016); Direção: Pablo Larraín; Roteiro: Noah Oppenheim; Elenco: Natalie Portman, Peter Sarsgaard, Greta Gerwig, Billy Crudup, John Hurt; Duração: 100 minutos; Gênero: Drama, Biografia, Histórico; Produção: Juan de Dios Larraín, Darren Aronofsky, Mickey Liddell, Scott Franklin, Ari Handel; País: Estados Unidos, França, Chile, Alemanha; Distribuição: Diamond Films; Estreia no Brasil: 02 de Fevereiro de 2017;

Um dos maiores traumas da História norte-americana foi a prematura morte do presidente John F. Kennedy, vítima de um brutal assassinato durante um comício em Dallas, Texas, em pleno momento pré-eleitoral nos anos 60.

O então presidente foi alvejado com duas balas certeiras, falecendo imediatamente.

Muito se conspira e discute até hoje sobre as razões que levaram ao ato contra Kennedy, tema corriqueiro no cinema, já visto em diferentes óticas possíveis.

Entretanto, numa visão original, vista agora pelas mãos de um diretor chileno, Pablo Larraín, é colocado sob perspectiva a perspectiva da primeira dama Jacqueline Kennedy, durante diferentes momentos intercalados: seu cotidiano na Casa Branca, sua reação no dia exato do atentado e os preparativos para o grandioso cortejo fúnebre, qual ficou marcado para a memória nacional dos Estados Unidos.

“O povo adora um conto de fadas” diz Jackie em dado momento.

É justamente nessa premissa na qual o longa se baseia: da desconstrução da ilusão da figura dos Kennedy’s, para a tragédia generalizada na os findou.

O retrato traçado por Larraín e seu roteirista, Noah Oppenheim, constrói na ex-primeira dama chega a ser controverso, por coloca-la no pedestal a qual a maioria das pessoas normalmente a colocam, para depois faze-la despencar.

Mostrando suas facetas mais humanas, que vão muito além do luto do sofrimento pela perda do marido.

Jackie sofre por ver ela mesma, se exaurindo à medida que vê sua imponência se esfacelar -sua impotência em lidar com o fato de que deixará o título de primeira dama do país e seu medo de ver o legado da família Kennedy pouco significativo para a história.

É nesse momento que o longa propõe uma profundidade subjetiva, quase experimental, ao nos apresentar toda organização agonizante de Jacqueline em preparar o funeral de seu marido, desejando algo faraônico, para marcar a história.

Na realidade é um anseio em deixar um legado na figura de esposo, presidente e humano, visto haver uma carência de própria vivência que esta mulher teve, para além dos estereótipos clássicos e datados no qual esposas de poderosos devem representar sofisticação, elegância e educação.

Ela simplesmente não consegue ser alguém para além de esposa do finado marido.

Em dado momento, nos deparamos com uma loja de grife com vários manequins inspirados em suas vestimentas, é bastante amargo esse momento, pois demonstra que o principal legado histórico de Jackie seria seu estilo, nada de mais significância.

Contudo, o problema principal se dá na composição da personagem principal, a qual Natalie Portman se preocupa minuciosamente em reproduzir seus trejeitos e tiques, mas carece em dar personalismo presente no argumento do roteirista.

Percebe-se um dos casos nos quais é mais importante se parecer mais com a figura histórica representada do que interpreta-la.

Isso acaba tornando “Jackie” uma experiência muito mais vasta do que sua personagem, ironicamente. Deixo claro: não é que Natalie Portman faça um trabalho ruim, muito pelo contrário.

Contudo ela constrói uma Jacqueline realmente unidimensional, ela fecha sua figura nela mesma, em vez de transforma-la num retrato feminino em conflito.

Larraín se reafirma, depois do excepcional Neruda, como um dos cineastas mais autorais dos últimos tempos, contanto estórias de forma pouco convencional, usando as mais variadas elipses e parábolas para construir uma narrativa realmente instigante.

Sua direção é sobressalente e visa sufocar sua protagonista quadro a quadro, sem dar a ela algum descanso.

Sob suas lentes ferozes, ele tenta mostrar a futilidade, a raiva, a humanidade, o vazio e a complexidade da personagem, usando até um truque de repetição do nome Jackie em overdose.

O contraste principal se dá na forma de como Larraín tenta compreender o luto de sua personagem na mesma forma que a confronta.

Expondo feridas latentes de um relacionamento com reais momentos de conturbação, principalmente por transformar Jackie numa esposa troféu à detrimento da imagem dos Kennedys.

E no final das contas, talvez a sra. Kennedy esteja certa: Podem vir outros presidentes, outras primeiras damas, mas não vai existir outra Camelot.

Jackie – Trailer Legendado:

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