Confira, também, a crítica em vídeo, de Márcio Picoli, clicando no player acima!

Jack Reacher: Sem Retorno

(Jack Reacher: Never Go Back, 2016)

Direção: Edward Zwick

Roteiro: Richard Wenk e Edward Zwick & Marshall Herskovitz

Elenco: Tom Cruise, Cobie Smulders, Aldis Hodge, Danika Yarosh, Patrick Heusinger, Robert Knepper

Duração: 118 minutos

Gênero: Ação, Aventura, Policial

Produção: Tom Cruise, Don Granger, Christopher McQuarrie

Distribuição: Paramount Pictures

País de Origem: EUA

Estreia no Brasil: 24 de Novembro de 2016

Censura: 14 anos

Jack Reacher: Sem Retorno 02

Christopher McQuarrie tem um histórico de respeito como roteirista em Hollywood, mas não foi só até recentemente que despontou também como um promissor diretor de blockbusters de ação, iniciando uma crescente justamente com o antecessor deste Jack Reacher: Sem Retorno (Jack Reacher: Never Go Back).

Quatro anos se passaram desde então, e o envolvimento de McQuarrie com essa sequência se dá através, somente, de sua assinatura como produtor do filme. É difícil dizer, porém, o quão participativo ele foi no processo de realização do filme, até porque, quando colocados lado a lado, as duas produções dessa -agora- franquia não podiam ser mais destoantes, em todos os quesitos, mas principalmente na qualidade apresentada em ambos.

Na realidade, chega até a ser difícil comparar os dois filmes, onde podemos obter parâmetros com divergências assustadoras. O primeiro filme, aliás, se faz quase que uma obra-prima perfeita, mesmo não sendo lá dos melhores filmes, quando colocado perto dessa sequência.

Se no primeiro filme, por exemplo, Christopher McQuarrie se dava ao prazer de nos introduzir à trama numa sequência de abertura com quase dez minutos de duração sem um diálogo qualquer, Edward Zwick não parece capaz sequer de construir um único take onde o silêncio fale mais do que desnecessários e desconcertantes diálogos e/ou frases de efeito.

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É incrível notar como um roteiro escrito a três mãos consegue ser um objeto com a capacidade de gerar tamanha vergonha alheia como faz. Fora a curta sequência de abertura do filme, que estampava os trailers, todo o restante em Jack Reacher: Sem Retorno se faz uma experiência dolorosa aos ouvidos.

Muitas tentativas também se tornam risíveis, principalmente quando o filme mostra querer se aproximar de um discurso, literalmente, relacionado a patriarcado e feminismo, até porque, sem exibir critério algum, os diálogos que apresentam tais ideias se fazem tão confusos quanto todo o restante.

Porque o filme de Edward Zwick é um completo desencontro de tonalidades e ritmos, onde parece não haver também critério algum para se estabelecer uma montagem condizente com o que se assiste em cena. O resultado são sequências de cenas que se fazem subsequentes numa montagem, mas que não fazem sentido pela sequência dos acontecimentos que acompanhamos.

Somos retirados de forma abrupta de sequências de ação para quebras de alívio cômico, sem lógica alguma. O que é ainda mais instigante, e frustrante, quando se leva em conta a simplicidade da trama do filme, que não chega nem perto da complexidade do caso apresentado no filme de Christopher McQuarrie. Aliás, é de embasbacar como o filme consegue se complicar sozinho em meio a sua narrativa.

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É constrangedor, entretanto, as situações nas quais Tom Cruise e Cobie Smulders são colocados em Jack Reacher: Sem Retorno. Despontando como um filme de ação, a produção desemboca no que parece ser uma comédia familiar onde os dois atores representam, de certa forma, os pais de uma adolescente. Se é que o resultado que vemos em cena faça sentido dentro de um filme como esse.

Porque se o roteiro não ajuda, e a direção pouco parece fazer por qualquer um, os próprios atores, em determinado momento, parecem estar ali mais por uma obrigação contratual do que qualquer relação com o filme em si. Na tentativa de construir algo como um filme numa dinâmica “buddy cops”, o que Edward Zwick consegue entregar é uma dupla, por vezes um trio, que não exibem qualquer química juntos.

Mas é mesmo Edward Zwick quem parece ser o grande responsável pelo desconcertante filme que é Jack Reacher: Sem Retorno. Nada parece ou soa orgânico, onde até mesmo aparentemente simples mixagens de som que o diretor deixa passar são de uma faceta duvidosa, por vezes quase tendendo a um pastelão.

Jack Reacher: Sem Retorno 05

O pior reside, porém, na falta de tato para estabelecer um mise-en-scène assimilável. Porque é fato que a quantidade de erros de continuidade parece se estender a todos os planos e contra planos nas cenas de diálogos entre os personagens ou, então, em takes de estabelecimento dos cenários.

A fotografia do filme é de doer os olhos, é de tornar difícil encarar o que se vê em cena pela forma tão irregular com a qual aquilo tudo se apresenta em cena. Quando tudo é colocado junto através da edição, é difícil dizer que qualquer coisa se torna passível de ficar gravado na memória.

Sem ritmo, sem carisma e muito mais que distante do requinte com o qual a franquia tinha se iniciado, Jack Reacher: Sem Retorno apresenta-se como uma grande infelicidade cuja existência é de qualidade completamente duvidável. Detentora de uma capacidade inigualável de gerar constrangimento alheio, chega a ser triste ver alguns nomes como os dos protagonistas estrelarem um projeto que é, sem rodeios, uma experiência sofrível para o espectador. Se o título diz algo sobre o filme, é que ele deve mesmo seguir tais passos e ficar onde está.

Trailer Legendado:

2 Comments

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