Título Original: Big Eyes

Direção: Tim Burton

Roteiro: Scott Alexander e Larry Karaszewski

Elenco: Amy Adams, Christoph Waltz, Jason Schwartzman, Krysten Ritter, Terence Stamp

Produção: Scott Alexander, Tim Burton, Lynette Howell, Larry Karaszewski, Bob Weinstein, Harvey Weinstein

Estreia Mundial: 25 de Dezembro de 2014

Estreia no Brasil: 29 de Janeiro de 2015

Gênero: Drama/Biografia

Duração: 106 minutos

Classificação Indicativa: 12 anos

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O mais curioso de Grandes Olhos é que o filme é e, ao mesmo tempo, não é do Tim Burton. A única coisa que remete à sua consagrada estética é a música mágica de Danny Elfman. De resto, nada parece ser do seu estilo. Porém isso não é um defeito, muito pelo contrário, é maravilhoso, pois, como já dizia Alfred Hitchcock, “estilo é plagiar a si mesmo”. Respirar novos ares sempre pode ser uma alternativa quando as coisas não saem como o planejado e é exatamente o que Burton faz nessa produção. E o melhor de tudo, é que funciona muito bem.

Na história acompanhamos a história real da pintora Margaret Keane (Amy Adams) durante a sua mudança para São Francisco, para tentar reiniciar a vida após um casamento frustrado. Em uma de suas tentativas de vender seus característicos quadros em que seus personagens tem olhos imensos, acaba conhecendo o também pintor Walter (Christoph Waltz). Com o passar do tempo, eles se conhecem melhor e acabam casando. Ele, reconhecendo o talento de Margaret, começa a expor os quadros dela, alegando que são seus, com a desculpa de que, por serem supostamente feitos por um homem, teriam mais sucesso do que se ela assinasse as obras. Em um primeiro momento, ela concorda com esses termos até que as produções começam a fazer muito sucesso, gerando muito dinheiro para a família e ego para Walter que começa a pressionar a mulher a produzir mais e mais, enquanto ele leva créditos por tudo.

Em um Tim Burton “de cara limpa” vemos os excessos e os estranhamentos serem trocados por movimentos mais suaves, ângulos menos ousados. Os personagens caricatos e amedrotadores são substituídos por figuras mais complexas e mais humanas. As paisagens estilizadas e undergrounds são mudadas para as ruas das cidades da década 50/60. Em suma, não há traços consolidados do diretor. Conquanto isso possa parecer uma estratégia desesperada dele de emplacar uma boa produção, tendo em vista os recentes fracassos como Alice e Sombras da Noite, entendo que Grandes Olhos é uma tentativa dele de sair da sua zona de conforto e trazer algo novo. Isso é louvável, mesmo que não seja um grande filme, consegue ser a melhor direção dele desde Peixe Grande.

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Outro ponto fora da curva está no fato de a produção ter dedo dos irmãos Weinstein, outra novidade na filmografia do diretor. E isso está evidente na forma como o filme é conduzido e na sua temática, ou seja, filme biográfico típico receita de bolo enlatada para ganhar um Oscar. Porém ela falha na dosagem de alguns ingredientes como o ritmo e a originalidade, haja vista que o longa tem uma série de “barrigas” que poderiam facilmente ter sido eliminadas na sala de montagem, assim como a cena final lá no tribunal poderia ser um pouco mais sucinta, tendo em vista que a opção mais obvia a ser feita demora bastante tempo até ser proposta.

De outro lado, são as atuações bastante seguras e coesas da sempre talentosa Amy Adams e do excelente Christoph Waltz que dão o tom e o seguimento da narrativa. Ambos conseguem criar um clima bastante interessante seja para acreditarmos no suposto amor dos dois, seja para sempre estarmos com um pé atrás em relação a Walter. Todavia, Amy Adams é quem leva toda a película nas costas. A sua sensibilidade e cuidado nos trazem uma personagem extremamente complexa que, ao mesmo tempo em que não se sente confortável em entregar a autoria de seus quadros, também acaba aceitando esse fato em prol do seu amor pela arte e pelo marido.

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Se o anormal de Tim Burton estava virando normal, porque ele não pode fazer o normal ser diferente? Bem, não é bem isso que acontece, mas aplicado ao mundo particular de Burton pode ser que essa frase se aplique. Desde Ed Wood não o víamos desse jeito, aliás, Ed Wood não é tão cara limpa quanto Grandes Olhos – se formos comparar as duas produções. Eu sempre tive minhas dúvidas quanto a Burton ser diretor, afinal ele é muito mais eficaz no design de produção ou na direção de arte do que na direção, visto que seus filmes, em maioria, carecem de uma condução mais firme e cuidadosa. Entretanto, nessa produção ele se mostra mais seguro do que nunca, a ponto de eu, quem sabe, repensar minha posição.

TRAILER LEGENDADO

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