Crítica | A Grande Muralha

A Grande Muralha (The Great Wall, 2016); Direção: Zhang Yimou; Roteiro: Carlo Bernard & Doug Miro e Tony Gilroy; Elenco: Matt Damon, Pedro Pascal, Jing Tian, Willem Dafoe, Andy Lau; Duração: 104 minutos; Gênero: Ação, Aventura, Fantasia; Produção: Thomas Tull, Charles Roven, Jon Jashni, Peter Loehr; Distribuição: Universal Pictures; País de Origem: Estados Unidos, China; Estreia no Brasil: 23 de Fevereiro de 2017;

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Com a maior flexibilização do mercado chinês nos últimos anos, abrindo espaço no cinema para produções estrangeiras, ou de Hollywood mais especificamente, descobriu-se uma quase segura forma de produzir e gerar retorno a filmes que nem sempre se davam tão bem na bilheteria. A exemplo de Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos no ano passado, que fez acima de quatro vezes mais dinheiro na bilheteria da China que dos Estados Unidos. Com A Grande Muralha, no entanto, a jogada é um tanto diferente, e com Zhang Yimou, diretor local e mundialmente renomado, comandando, adentramos naquela que parece ser a primeira aventura dessa empreitada hollywoodiana em terrenos que lhe aspiram a prosperidade sendo situada inteiramente na China e integrada majoritariamente por atores chineses. O que de forma alguma salva o filme de deslizes, muito menos Matt Damon de ser o herói branco que salvará o dia.

O que soa extremamente incongruente quando, do outro lado, a atriz Jing Tian interpreta uma personagem feminina que clama para si o protagonismo, senão na narrativa, então na trama que desempenha o papel de general, inclusive rendendo uma piada, levíssima é verdade, com machismo. Não fosse um roteiro tão superficial, carente de alguma substância para mover a história ao menos emocionalmente, daria para acreditar que se faz um contraponto entre diferenças culturais e percepções de papéis na sociedade, mas A Grande Muralha está longe de fazer qualquer comentário opinativo sobre elementos de maior seriedade e relevância. Só que para não ser de todo o ruim, o filme também precisa de um conhecido auxílio para conseguir entreter.

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Roteirizado por Carlo Bernard & Doug Miro, dupla por trás da série Narcos, os dois parecem ser responsáveis por uma versão mais primária do roteiro, sendo Tony Gilroy, roteirista veterano em Hollywood, o responsável pela conformidade da história, por amarrar o todo de uma forma no mínimo consumível. Não se salvam tramas paralelas que dentro das menos de duas horas do filme se fazem desnecessárias, até mesmo destoando dentro da edição do filme em seu clímax. Contudo, é impossível não admitir que a narrativa consegue funcionar de uma forma redonda, acertada dentro da fórmula desta ferramenta. Assim, o que mais parece destoar no roteiro de A Grande Muralha são os diálogos constrangedores, especialmente quando decaímos para um desenvolvimento emocional, e os alívios cômicos, todos desnecessários.

Isso porque estabelecer o bromance entre Matt Damon e Pedro Pascal (Game of Thrones) é algo tido como essencial para o funcionamento do filme, mas como não dão certo os alívios cômicos, a coisa toma uma forma que desanda numa tentativa canalha de vender uma ideia de dupla dinâmica, esta que simplesmente não oferece carisma algum para nos convencer dessa parceria. E se Matt Damon vem sendo criticado por ser o protagonista do filme, pior é estrelar em um papel que nem parece caber a ele por seu estilo de atuação. É completamente equivocado ver o ator, todo duro, em cena durante as sequências de ação em A Grande Muralha, marcando esta escolha por ser um erro que podia facilmente ser evitado e, ainda assim, favoreceria só ao filme.

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Fato é que se destacam os visuais do filme, mas também não no todo. Zhang Yimou consegue imprimir duas ou três grandes sequências de ação muito bem construídas e esteticamente agradáveis e atrativas. Concomitante com o Design de Produção e principalmente os coloridos figurinos dos defensores da muralha, rendendo no clímax do filme uma memorável cena num santuário que é quase um caleidoscópio, dando ao filme um espetáculo colorido. Essa manipulação visual também se destaca na melhor sequência de ação de A Grande Muralha, numa batalha encoberta por névoa. Ademais, há pouco além de tais momentos que Zhang Yimou consiga retirar ou retratar de um roteiro que sequer tenta fazer mais que o ordinário, contentando-se com o banal. Todavia, a simplicidade faz o suficiente para estabelecer A Grande Muralha como um produto de entretenimento que tem tudo para funcionar muito bem. Só não podemos deixar de denotar que equívocos grosseiros aqui podiam ser evitados sem maiores problemas.

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