Crítica | Colossal

Colossal (2016Direção: Nacho Vigalondo; Roteiro: Nacho Vigalondo; Elenco: Anne Hathaway, Jason Sudeikis, Dan Stevens, Austin Stowell, Tim Blake Nelson; Duração: 109 minutos; Gênero: Comédia, Drama, Ficção Científica; Produção: Nicolas Chartier, Zev Foreman, Dominic Rustam, Nahikari Ipiña, Shawn Williamson; Distribuição: Paris Filmes; País de Origem: Canadá, Espanha; Estreia no Brasil: 15 de Junho de 2017;

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Se poderíamos considerar filmes de monstros gigantes um gênero específico, de alguma forma, portanto já teríamos de repensar o rótulo e partilhar em subcategorias, incluindo uma nova ao nos depararmos com Colossal. Um filme para o qual não tinha as melhores das expectativas, primeiro pelo período de tempo em que a produção parecia enfrentar problemas, tendo sido acionada judicialmente pelos proprietários da Toho, detentora dos direitos sobre Godzilla. Águas passadas, o filme então saiu um pouco do radar, voltando a ganhar alguns, poucos, holofotes ao ser exibido por certos festivais ano passado, dividindo opiniões. O trailer de Colossal também me fez refletir sobre o que poderia resultar do filme, e me fazia questionar sobre quais saídas seriam tomadas para o que parecia ser um beco sem uma aparente saída. Sabendo de suas próprias limitações desde o princípio, o filme consegue, de forma até bastante simples, se sobressair naquilo o que propõe. Navegando com demasiada segurança sobre cada virada da trama que é sugerida, e brincando com literalidades e figurativismos numa narrativa que fala sobre muito mais do que monstros gigantes, sejam tais criaturas literais ou não. Tudo sem perder um certo requinte que possuí, e um humor que vai da leviandade a oscilações de um sarcasmo que esbanja sobriedade.

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Sobriedade é, aliás, um dos elementos que os personagens teimam em não compartilhar nas suas vidas, praticamente. Assim, rende-se aqui algumas gags que perduram até a última cena de Colossal, sempre sem perder a toada e ciente que a melhor cura para a ressaca é estar sempre embriagado. Mas essa é uma faceta do filme que vai sendo diluída conforme seu andamento. Chega num momento que aquilo existente no figurativo, apenas implícito, passa a assumir a literalidade. As ideias fantasiosas dão lugar a uma realidade que chega a ser amarga, quando encarada com frieza. Mas Colossal sabe o risco em se assumir, mesmo que parcialmente, como um drama. Temendo, principalmente, num apelo desnecessário ao melodramático. Fala mais alto, portanto, o background de Nacho Vigalondo, diretor que teve seu curta-metragem indicado ao Oscar em 2005, mas que deve ser muito mais familiar aos fãs de filmes de Terror B norte-americanos. Há um plano específico, num flashback durante Colossal, cuja o enquadramento numa das personagens beira o ridículo para os padrões de verossimilhança. Mas é ali que se atesta o quanto o filme se leva a sério -muito pouco por sinal- e ironiza a situação que encontra diante de si. Grande maioria dos méritos vai justamente ao diretor e roteirista.

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O elenco encabeçado por Anne Hathaway e Jason Sudeikis esbanja química, com os coadjuvantes dando um suporte essencial e indo do cômico –Dan Stevens num ano excepcional, depois do sucesso de A Bela e a Fera e Legion– ao trágico, sempre muito funcional e sincero. O carisma dos atores é fundamental, principalmente o da protagonista Anne Hathaway, que dá a jornada de sua personagem uma profundidade que vai além do bom material que já lhe é oferecido, onde diretor tira proveito do talento de sua protagonista e vice-versa. Com essa simetria, a segurança para Colossal se desenvolver é plena, assim a narrativa vai sendo construída passo a passo e, a cada virada da trama, parece se reinventar para suprir o que for necessário para uma fluída continuidade, divertindo e fazendo rir com honestidade, enquanto simultaneamente alertando para a temática que encontramos em seu âmago. No conjunto da obra o resultado é memorável, notavelmente um filme de pequeno orçamento, contido, mas à vontade dentro daquilo que é capaz de fazer e alcançar, a técnica de Nacho Vigalondo, e as escolhas pelas quais opta junto de sua equipe, é um presente aos olhos do público, que encontra em Colossal uma obra completa e de beleza estética agradável, ainda que simples, fazendo uso da linguagem cinematográfica em sua melhor forma.

Trailer Legendado:

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