Título Original: Unfriended

Direção: Leo Gabriadze

Roteiro: Nelson Greaves

Elenco: Shelley Hennig, Moses Storm, Courtney Halverson, Will Pelz, Renee Olstead, Heather Sossamon, Jacob Wysocki

Produção: Timur Bekmambetov e Nelson Greaves

Gênero: Suspense

Estreia Mundial: 17 de Abril de 2015

Estreia no Brasil: 12 de Novembro de 2015

Duração: 82 minutos

Classificação Indicativa: 16 Anos

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Em certo momento da projeção, eu comecei a me perguntar qual seria a minha reação se algo semelhante ao que acontece na fita ocorresse comigo. Se na maioria dos filmes de terror, eu sempre agiria de outra forma, aqui, em Amizade Desfeita, não há muita escapatória. Afinal, na internet, todos somos um pouco desatentos, pois temos a falsa impressão de que temos alguma privacidade ou proteção. Em Sexta-feira 13, eu nunca iria acampar no Cristal Lake; em Pânico eu nunca usaria um abridor de cartas para me defender, mas quando se está na internet, em que todos os meios principais de comunicação são por meio dessa “rede do capeta”, a situação fica surpreendentemente claustrofóbica e, a partir desse conceito, a película se desenvolve. E até que funciona.

Misturando um found footage com a atmosfera do filme Pânico do já saudoso Wes Craven, o diretor Leo Gabriadze acerta em usar como cenário o laptop de Blaire (Shelley Hennig) que, durante uma conversa de skype com seus amigos, percebe a existência de um usuário intruso na ligação. Após uma série de tentativas sem sucesso de excluir esse estranho, o grupo acaba percebendo se tratar de alguém utilizando o usuário de Laura – uma colega deles que se suicidou no ano passado. A partir do momento em que essa pessoa começa a se manifestar, eles descobrem estar num jogo em que quem mentir estará proferindo sua sentença de morte.

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Logo no início do longa, há um certo estranhamento, uma vez que tudo se passa em uma tela de computador. A primeira impressão é a de que esse artifício vai acabar ficando chato, sem graça e, principalmente, não vai causar a tensão prometida. Porém, os realizadores conseguem reconstruir de maneira tão fidedigna os recursos que utilizamos online que fica difícil não se envolver. Desde os vídeos engraçadinhos do You Tube, o uso do Spotify, do Facebook, do Skype até a linguagem que utilizamos. Quem é adepto da internet, vai se sentir claustrofóbico quando o usuário intruso começar a invadir essas plataformas para ameaçar os personagens da fita e, sim, sair da frente do computador acaba não sendo uma opção “segura” e, muito menos, óbvia.

A despeito do início e do conceito da película serem interessantes e tensos, vários problemas de execução acabam atrapalhando Amizade Desfeita. O primeiro são os personagens e consequentemente as atuações. É tudo muito superficial, mas até aí tudo bem, pois na internet as relações são rasas mesmos. Contudo, quando é exigido um pouco mais dos atores como nas cenas de susto ou até nas de confronto entre eles fica difícil levar fé. E para piorar a situação, a Universal – pelo menos aqui em Porto Alegre – só trouxe o filme dublado. Então, nem preciso dizer mais nada. Ademais, em certas sequências, com o intuito de forçar o susto, barulhos altos são usados para causar espanto no espectador de forma totalmente errônea, ignorando a proposta de found footage da produção e, por conseguinte, a proposta perde toda a credibilidade construída até então.

Lá pelo final do longa, começamos a perceber que há uma crítica ao CyberBullying. Nada obstante esse não ser o tema principal, é possível perceber essas referências, principalmente no momento em que os protagonistas começam a ser atacados pelos meios virtuais. Desde as ameaças, passando pela postagem de fotos comprometedoras e até o julgamento precipitado e superficial das pessoas na internet nos remontam ao sentimento de sofrer esses ataques virtuais. Bem, o filme já merece os devidos créditos por, pelo menos, impulsionar essas reflexões no espectador, ainda que não as desenvolva muito.

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Em suma, Amizade Desfeita funciona como suspense, mas não passa muito disso. Consegue criar tensão, promete uma série de acontecimentos e de revelações, todavia, ao final, segue a mesma linha do gênero – e isso não seria um problema se os clichês fossem bem executados, Invocação do Mal que o diga. De qualquer forma, a tentativa de fazer um filme que se passa inteiramente em uma tela de computador deve ser reconhecida e, mesmo que não tenha sido realizada como deveria, já pode ter servido de inspiração para que grandes filmes sejam feitos. Afinal, iniciamos um gênero, por exemplo, com o meia boca “A Bruxa de Blair” para alguns anos depois termos o sensacional “REC”. Então, vamos aguardar.

TRAILER LEGENDADO

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